Os mercados já estão esgotados pelo caos que se desenrola na mente de Donald Trump e entre seus apoiadores. Tudo continua extremamente incerto, e por isso os participantes do mercado estão agora totalmente concentrados nos importantes dados econômicos que serão divulgados hoje, especialmente nos Estados Unidos.

O foco principal estará nos dados do PIB dos EUA no 1º trimestre e nos indicadores de inflação. Segundo as projeções de consenso, espera-se uma desaceleração significativa da economia americana no primeiro trimestre em comparação com o ano passado. A previsão é de que o crescimento do PIB desacelere de 2,4% para apenas 0,2% — um número tão baixo que entra na margem de erro estatística, sinalizando um risco real de que a economia americana entre em uma recessão plena, com todas as consequências associadas.

Hoje, os mercados devem desviar a atenção da já cansativa narrativa sobre tarifas para focar na divulgação do Índice de Preços das Despesas com Consumo Pessoal (PCE) de março. A expectativa é de uma queda significativa na variação anual, de 2,5% para 2,2%, e de 0,0% na variação mensal, contra alta de 0,3% em fevereiro. O núcleo do índice PCE também deve recuar na base anual de 2,8% para 2,6%, enquanto o crescimento mensal deve cair de 0,4% para 0,1%. Além disso, os dados sobre renda e gastos pessoais também terão relevância: espera-se que a renda pessoal caia de 0,8% para 0,4%, enquanto os gastos pessoais devem subir de 0,4% para 0,6%.

Como o mercado e o dólar reagirão a esses dados importantes?

Uma queda do PIB pode aumentar a demanda por títulos do Tesouro dos EUA, à medida que os investidores buscam ativos de proteção. Ao mesmo tempo, o dólar americano pode sofrer uma pressão localizada caso os dados de inflação confirmem a queda do índice PCE. O principal motivo, como já destacado anteriormente, seria a elevação das expectativas de um possível corte de juros de 0,25% por parte do Federal Reserve, em maio ou junho. Nesse cenário, o mercado acionário dos EUA poderia encontrar suporte, já que a perspectiva de novos cortes nas taxas impulsionaria a demanda por ações.

Qualquer enfraquecimento do dólar, no entanto, tende a ser limitado. O Índice do Dólar (DXY) pode cair abaixo de 99,00, mas provavelmente se manterá acima de 98,00. Isso se deve à expectativa de desinflação na zona do euro, que pode forçar tanto o Banco Central Europeu (BCE) quanto o Banco da Inglaterra (BoE) a reduzirem os juros novamente, compensando assim o estreitamento do diferencial de taxas com o Fed.

Apesar da relevância dos dados de hoje, o impacto sobre os preços dos ativos pode ser limitado, ofuscado pelo caos político em torno de Trump. A incerteza continua sendo a principal força que domina os mercados.

Previsão diária:

#SPX

O CFD sobre os futuros do S&P 500 está sendo negociado ligeiramente acima de 5525,80. Uma queda no índice PCE aumentaria a probabilidade de cortes nas taxas do Fed, o que apoia as ações dos EUA. Com essa dinâmica, o contrato pode retomar sua alta para 5637,32 e, eventualmente, 5783,00. Um nível de compra potencial é 5557,04.

#NDX

O CFD sobre os futuros do NASDAQ 100 está sendo negociado ligeiramente abaixo de 19.455,00. Uma queda no índice PCE pode servir de base para novos cortes nas taxas de juros pelo Fed, o que sustentaria as ações nos Estados Unidos. Nesse cenário, o contrato pode retomar a trajetória de alta em direção aos níveis de 20.000,00 e 20.330,00. Um nível potencial de compra está em 19.537,20.