O movimento de baixa de quatro semanas que vimos no EUR/USD se dissipou completamente. Na semana passada, os vendedores empurraram o par para a mínima mensal de 1,1066, mas então pareceram "temer o próprio sucesso" e correram para realizar lucros. Como resultado, os compradores retomaram a iniciativa, encerrando a semana em 1,1165.

Hoje, o par retornou à faixa de 1,1300–1,1400, onde havia se mantido anteriormente, antes da reunião em Genebra entre autoridades de alto escalão dos Estados Unidos e da China. Esse encontro resultou em uma trégua comercial temporária, que inicialmente deu forte apoio ao dólar. No entanto, o mercado rapidamente precificou esse fator. Os "touros" do dólar precisavam de novas notícias positivas — mas elas nunca vieram. Pelo contrário, os desenvolvimentos recentes indicam que as tensões entre Washington e Pequim permanecem elevadas. Em resposta a essa mudança de sentimento, o Índice do Dólar Americano vem despencando há três dias consecutivos, aproximando-se da marca de 99,00.

De modo geral, a principal razão para a queda do dólar é o crescente ceticismo em relação a um "acordo rápido" com a China. Preocupações semelhantes se aplicam às negociações com a União Europeia, que já entram em sua sexta semana. A julgar pelas "ameaças veladas" vindas da Casa Branca, essas conversas parecem estar emperradas. Bruxelas não avançou como países como Coreia do Sul, Vietnã ou Japão. As negociações com esses países seguem em curso, mas, até agora, apenas o Reino Unido assinou um acordo — e em termos desfavoráveis para si.

As relações entre Estados Unidos e China também permanecem instáveis. Embora a reunião de Genebra tenha gerado algum otimismo, os eventos subsequentes frustraram o mercado. O otimismo foi substituído — mais uma vez — por um cauteloso pessimismo. Em primeiro lugar, não há informações claras sobre o real progresso das conversas. Em segundo, surgiu uma nova fissura: na semana passada, o Departamento de Indústria e Segurança dos EUA proibiu que terceiros países utilizem os chips de IA Ascend da Huawei, citando violações às regras de controle de exportações americanas. Em resposta, um porta-voz do governo chinês acusou os EUA de abusar das restrições de exportação e de "violar os acordos alcançados durante as negociações comerciais de Genebra".

Em outras palavras, justamente a "via negocial" que sustentou o dólar na semana passada agora pesa contra ele. Os traders não veem qualquer "luz no fim do túnel", enquanto as tarifas existentes — mesmo reduzidas — continuam afetando negativamente a economia dos EUA. Vale destacar que os Estados Unidos perderam definitivamente sua classificação de crédito AAA. As principais agências de rating — S&P e Fitch — já haviam rebaixado a dívida americana em 2011 e 2023, respectivamente. Agora, a Moody's também se junta a elas.

Enquanto isso, os debates em torno do novo pacote de alívio fiscal continuam paralisados devido a divergências entre parlamentares republicanos. Embora muitos analistas acreditem que o projeto será aprovado ainda este ano, a pausa inesperada provocou volatilidade nos mercados.

Todos esses eventos se encaixam como peças de um quebra-cabeça — formando um cenário altamente desfavorável para o dólar americano.

O dólar poderia recuperar força e levar o EUR/USD de volta à faixa de 1,10–1,11 — mas apenas sob uma condição: um avanço nas negociações comerciais entre EUA e China, e entre EUA e União Europeia. Por enquanto, a falta de informações concretas sobre essas conversas joga contra o dólar norte-americano. Todos os demais fatores fundamentais — mesmo importantes relatórios macroeconômicos ou discursos de dirigentes de bancos centrais — desempenham um papel secundário.

Perspectiva técnica

No gráfico diário, o EUR/USD ultrapassou o nível de resistência de 1,1280, que corresponde à linha média do indicador Bollinger Bands no período de tempo D1. Os compradores estão agora tentando se consolidar acima da próxima resistência intermediária em 1,1330 (a linha Kijun-sen no mesmo período gráfico). Se o par conseguir se manter acima desse nível, o indicador Ichimoku irá gerar um sinal de alta "Line Parade", confirmando a força da tendência de alta.

As posições de compra devem ser consideradas apenas quando os compradores ultrapassarem essa resistência-chave. O principal alvo para o movimento em direção ao norte encontra-se em 1,1450 - a parte superior das Bandas de Bollinger no gráfico diário.