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Embora o euro ainda não dê sinais de ceder ao dólar americano, Christine Lagarde está prestes a enfrentar críticas quanto à sua intenção de permanecer no comando do Banco Central Europeu. A presidente, que concederá uma coletiva de imprensa na quinta-feira para apresentar a mais recente decisão de política monetária do Conselho do BCE, foi escolhida para ocupar o cargo mais alto no Fórum Econômico Mundial, na Suíça. Apesar de seu mandato em Frankfurt ainda ter oficialmente mais dois anos e meio de duração, já começam a surgir especulações sobre uma possível saída antecipada.
Juntamente com o oitavo corte na taxa, amplamente esperado, a presidente do BCE apresentará novas projeções para os preços ao consumidor. De acordo com os dados mais recentes, a inflação desacelerou para 1,9% em maio — abaixo da meta de 2% pela primeira vez em oito meses. Essa conquista pode funcionar a favor de Lagarde, permitindo que ela afirme ter alcançado um dos principais objetivos de sua gestão: restaurar a estabilidade de preços na zona do euro.
Apesar da declaração pública de Lagarde sobre sua determinação em concluir o mandato, o BCE não negou diretamente os relatos sobre uma possível renúncia antecipada, o que sugere que a hipótese pode ter sido considerada. O banco limitou-se a afirmar que a presidente "sempre esteve totalmente comprometida com o cumprimento de sua missão" e que está determinada a concluir seu mandato. Caso ela quisesse renunciar neste momento, poderia fazê-lo alegando ter cumprido sua principal meta.
A escolha de um novo presidente do BCE ocorreria, assim, em um momento de relativa estabilidade política nas principais economias da zona do euro.
Vale lembrar que Lagarde já havia renunciado ao cargo de diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional em 2019 para assumir a presidência do BCE. Em entrevista ao Financial Times em 2018, ela havia negado interesse no cargo, o que torna plausível uma eventual mudança de postura agora.
Ainda assim, há argumentos fortes para que ela permaneça até o fim do mandato. A zona do euro precisa de uma liderança confiável na formulação de políticas, especialmente diante dos choques globais provocados por tarifas temporárias e incertezas comerciais associadas ao presidente dos EUA, Donald Trump. Além disso, permanece a dúvida: por que Lagarde deixaria aquele que é, indiscutivelmente, o segundo cargo mais importante entre os bancos centrais, atrás apenas da presidência do Federal Reserve?
De qualquer forma, uma renúncia inesperada de Lagarde provocaria um choque de curto prazo nos mercados — algo de que a zona do euro não precisa no momento. A estabilidade e a previsibilidade arduamente conquistadas nos últimos anos estariam em risco. A incerteza sobre seu sucessor e possíveis mudanças na orientação da política monetária do BCE gerariam especulação e nervosismo no mercado, afetando inevitavelmente a atratividade dos investimentos na região. Além disso, uma crise de liderança poderia minar a confiança nas instituições europeias. Em um cenário de crescente fragmentação política e avanço de sentimentos populistas, a estabilidade e competência na governança são cruciais para manter a coesão e a confiança futura na zona do euro.
Por outro lado, além da turbulência inicial, a renúncia de Lagarde poderia abrir espaço para reformas necessárias e um redesenho das prioridades do BCE. Um novo líder, com visão diferente e disposição para inovar, poderia trazer ideias renovadas à política monetária e estimular o crescimento econômico.
Perspectiva técnica do EUR/USD
Do ponto de vista técnico, os compradores precisam se concentrar em recuperar o nível de 1,1390. Apenas após essa superação poderão mirar o teste de 1,1460. O alvo final seria a máxima de 1,1490. No entanto, alcançar esse nível sem o apoio dos principais participantes do mercado será bastante difícil. Em caso de recuo, espera-se uma retomada da atividade compradora em torno de 1,1353. Se não houver compradores nessa faixa, o ideal seria aguardar uma nova mínima em 1,1314 ou buscar oportunidades de compra a partir de 1,1270.
Enquanto o euro ainda não mostra sinais de ceder ao dólar americano, Christine Lagarde se prepara para enfrentar questionamentos sobre sua permanência à frente do BCE. A presidente, que dará uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira para apresentar a mais recente decisão do Conselho do BCE, foi recentemente selecionada para assumir o cargo mais alto no Fórum Econômico Mundial, na Suíça. Embora seu mandato em Frankfurt ainda dure oficialmente mais dois anos e meio, as especulações sobre uma possível saída antecipada já começaram a ganhar força.