Na quarta-feira, o iene japonês prolongou sua queda pelo terceiro dia seguido, levando o par USD/JPY a atingir uma nova máxima de duas semanas, acima do importante nível de 147,00, durante o pregão asiático. A pressão sobre o iene vem das preocupações com o impacto das tarifas de 25% anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que entrarão em vigor em 1º de agosto e afetam diretamente produtos japoneses. Além disso, a expectativa de que as tensões comerciais forcem o Banco do Japão a desistir dos planos de aumentar as taxas de juros ainda este ano está provocando uma saída de capitais do iene, num contexto de incertezas políticas internas.

Na terça-feira, o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmou que as negociações bilaterais seguem firmes, com o objetivo de alcançar um acordo comercial que seja benéfico para ambos os lados.

Enquanto isso, as crescentes tensões comerciais agravam os desafios da economia japonesa, que já apresentou contração no primeiro trimestre por causa da fraqueza nos gastos dos consumidores — outro fator que pesa sobre o iene.

Pesquisas recentes indicam que o Partido Liberal Democrático (LDP) e seu parceiro de coalizão, Komeito, podem perder a maioria nas eleições para a Câmara dos Vereadores, marcadas para 20 de julho. Isso poderia complicar ainda mais as negociações comerciais e elevar os riscos políticos e fiscais no Japão, aumentando a pressão negativa sobre a moeda local.

Paralelamente, o fortalecimento do dólar americano — impulsionado pela expectativa de que tarifas mais altas vão elevar a inflação e levar o Federal Reserve a manter os juros altos — também reforça a alta do USD/JPY.

Porém, os investidores otimistas em relação ao dólar têm agido com cautela, aguardando novos sinais sobre a política de juros do Fed. Segundo a ferramenta FedWatch do CME Group, o mercado já precifica cerca de 50 pontos-base em cortes nas taxas até o final do ano, a partir de outubro.

Hoje, a atenção dos traders estará voltada para a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), durante o pregão americano. Qualquer indicação sobre cortes futuros nas taxas poderá mexer bastante com o dólar e trazer novo impulso ao par USD/JPY.

No aspecto técnico, o fechamento do USD/JPY acima da média móvel simples (SMA) de 100 dias — algo que não acontecia desde fevereiro — sinaliza uma tendência de alta. Os indicadores no gráfico diário permanecem positivos, mas ainda sem atingir níveis de sobrecompra, o que sustenta a possibilidade de mais ganhos no curto prazo, rumo à resistência entre 147,45 e 147,60, e talvez até a região dos 148,00 ou a máxima de junho.

Do lado oposto, o suporte imediato está na mínima da sessão asiática, em 146,50, que limita quedas momentâneas. Qualquer correção para baixo deve ser vista como uma oportunidade de compra, provavelmente restrita perto do nível de rompimento da SMA de 100 dias, um pouco abaixo dos 146,00. Se o par romper essa barreira para baixo, a tendência de curto prazo pode virar para baixa, abrindo caminho para perdas mais expressivas.