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A divisão interna no Federal Reserve, os resultados impressionantes da NVIDIA e um leilão bem-sucedido de títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos permitiram que o S&P 500 ignorasse o caos gerado pelas tarifas. Donald Trump anunciou a imposição de tarifas sobre o cobre a partir de 1º de agosto e enviou novas cartas sobre aumentos de tarifas para diversas importações. Ainda assim, o índice acionário subiu, com investidores mais uma vez aproveitando as quedas para comprar.
Um dos motivos para o retorno do fenômeno FOMO (Fear of Missing Out, ou medo de ficar de fora) aos mercados financeiros é a resiliência da economia americana frente às tarifas já impostas pela Casa Branca. A inflação não está ganhando força, e alguns membros do FOMC acreditam que a tendência continuará de queda. Se ocorrer algum pico inflacionário, a expectativa é de que seja apenas temporário. Dois dirigentes do Fed já sinalizaram disposição para votar a favor de um corte de juros em julho, e as expectativas de estímulo monetário têm sustentado o desempenho do S&P 500.
Além disso, o índice amplo do mercado de ações conta com líderes fortes. Pela primeira vez na história, a capitalização de mercado de uma única empresa ultrapassou US$ 4 trilhões — trata-se da NVIDIA. Suas ações já subiram 20% no acumulado deste ano e mais de 1000% desde 2023. Essa gigante da tecnologia agora representa cerca de 7,5% da capitalização total do S&P 500, aproximando-se de um recorde histórico.
Desempenho das ações da NVIDIA, Microsoft e Apple
O índice amplo do mercado de ações também encontrou suporte no leilão bem-sucedido de US$ 39 bilhões em títulos do Tesouro americano com vencimento em 10 anos. O rendimento ficou em 4,362%, abaixo das expectativas, sinalizando uma forte demanda por esses papéis. Ao mesmo tempo, a participação dos dealers primários caiu para 10,9%, abaixo da média recente de 12% dos últimos seis leilões. A queda nos rendimentos dos Treasuries tende a beneficiar o S&P 500, já que reduz o custo de financiamento para as empresas.
A resiliência da economia dos EUA, a inflação em ritmo mais contido e a divulgação de resultados corporativos positivos sugerem que a recuperação do mercado acionário americano deve continuar. Além disso, instituições como Bank of America e Goldman Sachs elevaram suas projeções para o mercado, enquanto o BNP Paribas aponta que consultores de negociação sistemática e fundos ligados à volatilidade podem injetar cerca de US$ 20 bilhões no S&P 500 em apenas uma semana. O posicionamento ainda neutro desses grandes investidores indica que há espaço para o índice geral seguir avançando.
Ao mesmo tempo, a Northlight Asset Management faz um alerta: os efeitos das tarifas sobre a economia dos EUA e os lucros das empresas americanas ainda não se manifestaram completamente. Muitos dos aumentos tarifários foram adiados ou cancelados, e levará tempo até que seus impactos reais se tornem visíveis. Por isso, os investidores devem manter uma postura cautelosa.
Do ponto de vista técnico, o gráfico diário do S&P 500 confirmou o que já era esperado. Uma retração de curto prazo dentro da tendência de alta abriu espaço para que os compradores aproveitassem as baixas. A quebra da máxima histórica próxima de 6.290 pode fortalecer as posições compradas iniciadas em 6.051. Os próximos alvos seguem em 6.325 e 6.450.