Na segunda-feira, o par EUR/USD caiu para uma baixa de duas semanas, mas não houve uma venda significativa, e durante o início da sessão europeia, o par se manteve acima do nível 1,1650. O enfraquecimento do euro está ligado à ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 30% sobre as importações dos dois maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos - México e União Europeia (UE) - a partir de 1º de agosto. Trump informou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, em cartas separadas enviadas no sábado. Esse anúncio é o mais recente de uma série de mais de 20 avisos de tarifas emitidos por Trump desde a última segunda-feira e complementa a tarifa existente de 50% sobre as importações de cobre, aumentando ainda mais as tensões comerciais. A pressão adicional sobre o par vem da força moderada do dólar americano.

Os investidores reduziram suas expectativas de cortes nas taxas de juros do Federal Reserve este ano, após a divulgação de dados positivos sobre o mercado de trabalho em junho, que sinalizaram estabilidade na economia americana. As atas da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), realizada em 17 e 18 de junho, revelaram que a maioria dos formuladores de políticas permanece preocupada com os riscos inflacionários decorrentes das tarifas e ainda está cautelosa quanto a cortes nas taxas de curto prazo. Esses fatores, somados ao aumento da demanda por moedas consideradas porto seguro, elevaram o dólar ao seu nível mais alto desde 25 de junho, limitando os ganhos do EUR/USD.

No entanto, é prudente aguardar a divulgação dos principais indicadores de inflação — Índice de Preços ao Consumidor (CPI) e Índice de Preços ao Produtor (PPI) — previstos para terça e quarta-feira, antes de abrir novas posições.

Enquanto isso, a União Europeia anunciou a prorrogação da suspensão das medidas retaliatórias contra as tarifas dos EUA até o início de agosto, e seguirá buscando uma solução por meio de negociações.

A resposta relativamente contida do mercado às mais recentes ameaças de Trump, somada à incerteza sobre os próximos passos do Banco Central Europeu (BCE), exige cautela antes de iniciar posições vendidas no EUR/USD. Isabel Schnabel, integrante do Comitê Executivo do BCE, afirmou em entrevista que a probabilidade de novos cortes nas taxas é baixa, já que a economia europeia continua resiliente e uma ação desse tipo exigiria um desvio significativo da inflação em relação à meta. Já Fabio Panetta destacou que o BCE precisará continuar flexibilizando a política monetária caso os riscos ao crescimento se intensifiquem ou as pressões desinflacionárias persistam.

Assim, é aconselhável aguardar um movimento de baixa mais claro no EUR/USD antes de abrir posições de venda. Na ausência de grandes eventos econômicos na zona do euro ou nos EUA que possam provocar forte impacto no mercado, a atenção deve se concentrar nos discursos dos membros do FOMC, que podem oferecer oportunidades de curto prazo. Ainda assim, o atual cenário fundamental exige uma postura equilibrada e cautelosa na formação de posições.

Do ponto de vista técnico, o EUR/USD apresenta sinais de consolidação. No gráfico de 4 horas, o preço se aproximou da média móvel simples de 100 períodos (SMA), posicionada abaixo do nível psicológico de 1,1700, enquanto um suporte se formou ligeiramente abaixo de 1,1650. Entretanto, os osciladores nesse período indicam uma dinâmica negativa, sugerindo potencial para novas quedas.

Se o preço continuar caindo e romper o suporte em 1,1650, o próximo nível importante está em torno de 1,1600. Um rompimento abaixo desse patamar pode gerar novo sentimento de baixa e desencadear um recuo mais profundo.

Por outro lado, uma recuperação acima de 1,1700 pode encontrar resistência na SMA de 50 períodos, seguida pela faixa entre 1,1745 e 1,1750. Um rompimento sustentado acima dessa zona abriria caminho para 1,1800 e, posteriormente, para 1,1830 — a máxima de setembro de 2021 e pico de julho. Caso esse nível seja superado, há espaço para novos ganhos em direção à marca psicológica de 1,1900.

No gráfico diário, porém, os osciladores permanecem em território positivo, sustentando uma perspectiva otimista e sugerindo que a queda observada no gráfico de 4 horas reflete apenas uma fraqueza intradiária.