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O ouro está tentando recuperar seu impulso de alta, compensando parcialmente as perdas do dia anterior, mas o mercado continua incerto quanto aos próximos movimentos. O dólar americano exerce uma influência favorável sobre os preços, atraindo novos vendedores apesar dos dados do Índice de Preços ao Produtor (PPI) de quinta-feira terem vindo acima do esperado. Os traders acreditam que o Federal Reserve pode retomar o ciclo de cortes de juros já em setembro, o que sustenta a demanda renovada por ouro.
De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, há uma probabilidade de dois cortes de 25 pontos-base na taxa de juros do Fed até o fim deste ano. Essas expectativas limitam o fortalecimento adicional do dólar norte-americano e criam condições favoráveis para a valorização do ouro. Por outro lado, a recente alta nas expectativas de inflação reduziu a probabilidade de uma flexibilização monetária mais agressiva por parte do banco central.
Ainda assim, o apetite por risco nos mercados vem restringindo ganhos mais consistentes do metal precioso. A prorrogação da trégua tarifária entre EUA e China por mais três meses diminuiu os temores de uma guerra comercial em larga escala, fortalecendo a confiança dos investidores e sustentando o clima positivo nos mercados financeiros. Além disso, a expectativa de avanços nas negociações sobre o conflito na Ucrânia, durante a cúpula EUA–Rússia marcada para sexta-feira, tem reforçado ainda mais o otimismo. Esses fatores criam um cenário mais favorável para ativos de risco e reduzem o potencial de alta do ouro.
Nesse contexto, é prudente aguardar um aumento mais expressivo da demanda de compra antes de considerar que o preço do ouro tenha atingido um fundo. A ausência de sinais claros de acumulação indica que a tendência permanece baixista e que o caminho de menor resistência segue apontando para baixo. Assim, eventuais recuperações podem ser encaradas como oportunidades de venda, já que tendem a perder força e retomar o movimento predominante. Recomenda-se cautela aos compradores.
No curto prazo, a atenção dos traders estará voltada para importantes indicadores dos EUA: vendas no varejo de julho, Índice de Atividade Industrial Empire State, Índice de Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan e expectativas de inflação. Esses dados podem adicionar volatilidade ao mercado.
Do ponto de vista técnico, a repetida incapacidade do ouro de superar as médias móveis simples (SMA) de 100 e 200 horas favorece os vendedores. Os osciladores no gráfico horário permanecem em território negativo, enquanto no gráfico diário o Índice de Força Relativa (RSI) iniciou movimento de queda, reforçando a perspectiva baixista de curto prazo. Assim, qualquer tentativa de recuperação deve encontrar resistência inicial na região da SMA de 100 horas, próxima de 3.353 dólares. Um rompimento desse nível poderia levar a um reteste da máxima de ontem, em 3.375 dólares, com a SMA de 200 horas como próximo obstáculo. A superação desse patamar abriria espaço para o nível psicológico de 3.400 dólares.
Por outro lado, o suporte imediato está em 3.330 dólares, mínima das últimas duas semanas. Uma retomada das vendas abaixo desse nível pode expor o ouro a 3.300 dólares, e uma quebra sustentada abriria espaço para quedas mais acentuadas, confirmando o viés baixista de curto prazo.