As expectativas divergentes em relação à política monetária do Banco do Japão (BoJ) e do Federal Reserve sustentam o iene de baixo rendimento, enquanto as esperanças de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia limitam sua valorização como ativo de refúgio.

No final da reunião de julho, o BoJ revisou para cima sua previsão de inflação e reafirmou a disposição de elevar juros caso crescimento e preços continuem alinhados às projeções. Dados divulgados na semana passada mostraram que a economia japonesa cresceu acima do esperado no segundo trimestre, apesar de obstáculos externos como as tarifas dos EUA, reforçando a perspectiva de alta de juros até o fim do ano. Já nos EUA, traders reduziram as apostas em cortes mais agressivos pelo Fed, diante de sinais de pressões inflacionárias mais fortes. Segundo a ferramenta FedWatch, há 85% de probabilidade de um corte em setembro e possibilidade de dois cortes de 25 pontos-base em 2025 — em contraste com a postura mais hawkish do BoJ.

No campo geopolítico, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou preparativos para uma reunião com os líderes de Rússia e Ucrânia, alimentando expectativas de um rápido acordo de paz e reduzindo a demanda por ativos de refúgio. Já a derrota do Partido Liberal Democrata nas eleições no Japão acrescenta incerteza política interna e levanta preocupações sobre os efeitos das tarifas norte-americanas na economia local. Esse quadro pode atrasar o aperto monetário do BoJ, o que tem limitado apostas no iene e sustentado o dólar no par USD/JPY.

Hoje, o destaque será o discurso da integrante do FOMC, Bowman. Amanhã, seguem a ata da reunião do Comitê e as declarações de Jerome Powell. O foco, no entanto, estará no discurso do presidente do Fed no simpósio de Jackson Hole, que pode trazer sinais sobre o ritmo futuro dos cortes de juros.

Do ponto de vista técnico, o USD/JPY permanece em consolidação há duas semanas, em meio a osciladores neutros no gráfico diário. Assim, o mais prudente é aguardar um rompimento consistente antes de assumir novas posições direcionais. Um avanço sustentado acima da resistência psicológica de 148,00 funcionaria como gatilho para os compradores, abrindo caminho para 148,50 e, em seguida, 149,00. Já uma correção encontrará suporte firme em 147,10–147,00, onde passa a média móvel de 100 dias. A perda desse nível exporia o par à mínima de várias semanas, próxima de 146,20, e um movimento subsequente abaixo de 146,00 mudaria o viés em favor dos vendedores.