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Até o momento, não há um confronto direto entre os otimistas e os pessimistas do mercado de criptomoedas, mas os analistas identificam uma tensão crescente. A inquietação está principalmente ligada ao desempenho instável do Bitcoin, que vem caindo ao longo da semana. Alguns acreditam que o discurso de Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole poderá trazer algum alívio para o BTC.
Na quinta-feira, 21 de agosto, o Bitcoin apresentou negociações laterais, oscilando em torno de US$ 113.778, o que representa uma queda de 6,3% nos últimos sete dias. Os traders estão quase divididos igualmente, com aproximadamente metade assumindo posições compradas e a outra metade vendendo a descoberto. Ainda assim, muitos analistas acreditam que a estrutura de alta de longo prazo do mercado de criptomoedas continua intacta.
Antes das declarações de Powell, previstas para sexta-feira, 22 de agosto, a maioria dos traders de Bitcoin se prepara para a incerteza quanto às taxas de juros. Com sinais macroeconômicos mistos e mudanças no sentimento dos investidores, a direção tanto das ações nos EUA quanto das criptomoedas permanece incerta.
O relatório do IPC de julho funcionou como um gatilho otimista, alimentando expectativas de cortes nas taxas do Fed e impulsionando o Bitcoin a níveis recordes no início de agosto. No entanto, a divulgação mais recente do IPC reacendeu temores de inflação, obscurecendo as expectativas sobre a política do Fed em 2025. Como resultado, o Bitcoin recuou cerca de 8%, para US$ 114.170 e abaixo, afastando-se do pico de US$ 124.128 registrado em 14 de agosto — uma queda expressiva em apenas uma semana.
A grande questão é: Powell cortará ou não as taxas? Apesar da retração do Bitcoin, os mercados ainda precificam cerca de 85% de probabilidade de corte nas taxas na reunião do FOMC em setembro. John Haar, diretor-gerente da Swan Bitcoin, acredita que Powell deve permanecer "relativamente neutro, para manter suas opções em aberto". Ele observa que o Bitcoin e outros ativos criptográficos são altamente sensíveis à liquidez global e tendem a reagir positivamente a sinais dovish do Fed.
No entanto, um tom mais hawkish de Powell poderia desencadear uma nova onda de vendas em ações e criptomoedas. Analistas destacam, entretanto, que a volatilidade de curto prazo, ligada às taxas de juros, não deve comprometer a adoção de ativos digitais no longo prazo, apoiada pelos fluxos institucionais e pela política favorável da Casa Branca.
O dilema para os investidores de varejo: estamos diante de um mercado de baixa ou de uma oportunidade de compra na queda? A forte queda abaixo de US$ 113.000 provocou vendas em pânico entre investidores de varejo, criando um clima nitidamente baixista. Ainda assim, analistas enxergam esse movimento como uma clássica oportunidade de "comprar na queda".
A empresa de análise Santiment observou que os investidores de varejo haviam dado uma guinada de 180 graus depois que o Bitcoin não conseguiu se recuperar e rompeu abaixo de US$ 113.000, questionando se o próximo ciclo de alta já estaria se aproximando.
Correções de mercado durante ciclos de alta são consideradas normais — as chamadas "armadilhas de ursos" do Bitcoin já surgiram repetidamente em ciclos anteriores.
Se a história se repetir e o Bitcoin enfrentar uma correção semelhante em 2025, o principal ativo do mercado poderá recuar para US$ 90.000 já no próximo mês. Ainda assim, os especialistas acreditam que uma recuperação subsequente rumo a um novo recorde histórico continua sendo possível.
Setembro trará novos mínimos para o Bitcoin?
No cenário atual, a comunidade cripto tenta determinar onde o Bitcoin poderá encontrar seu fundo. Muitos analistas e participantes de mercado não descartam uma queda da criptomoeda mais capitalizada para a faixa de US$ 100.000 ou até abaixo desse nível.
O analista Doctor Profit acredita que o Bitcoin pode estabilizar entre US$ 90.000 e US$ 93.000 em setembro. Ele alerta para a possibilidade de um "verdadeiro crash", embora considere viável uma fase de recuperação após a queda. O trader Captain Faibik compartilha uma visão semelhante, sugerindo que o BTC pode mirar os US$ 100.000 no mesmo mês.
Outros membros da comunidade adotam cenários mais otimistas. O entusiasta cripto Benjamin Cowen projeta que o BTC provavelmente recuará em direção a um nível definido por médias móveis, sem romper abaixo de US$ 100.000. Ainda assim, como seus colegas, ele se prepara para um setembro "vermelho".
Os investidores mais otimistas apostam em uma valorização impressionante, de até US$ 200.000, impulsionada por um eventual corte de juros do Fed. Atualmente, o mercado precifica em 84,9% a probabilidade de tal decisão. Qualquer mudança na política monetária poderia aumentar o apelo de ativos de alto risco, como as criptomoedas, e trazer maior clareza sobre as perspectivas futuras.