O yen japonês continua enfrentando dificuldades para atrair compradores, já que a incerteza em torno da política monetária do Banco do Japão persiste. Na segunda-feira, o Banco divulgou seu "Resumo de Opiniões", que revelou divisões internas entre os formuladores de políticas quanto às perspectivas para futuros aumentos das taxas de juros.

Além disso, Junko Nakagawa, membro do Conselho de Diretores do Banco do Japão, enfatizou que o banco central pretende manter uma abordagem cautelosa ao tomar novas decisões de política monetária.

Essas declarações reforçaram as expectativas de mercado de que o Banco do Japão poderá adiar novos aumentos de taxa, especialmente diante dos planos do novo governo da primeira-ministra Sanae Takaichi de implementar amplas medidas de estímulo, o que, por sua vez, favorece um yen mais fraco.

Enquanto isso, o otimismo recente em torno da possível conclusão da paralisação do governo dos EUA tornou-se mais um fator que limita a demanda pelo yen como ativo de refúgio, mantendo o par USD/JPY acima do nível de 154,00.

No entanto, as expectativas de um corte de juros pelo Federal Reserve ainda este ano podem restringir o potencial de novos ganhos do dólar no par USD/JPY.

Há também incerteza contínua sobre uma possível intervenção do governo japonês para conter uma desvalorização mais acentuada do yen. Isso cria riscos adicionais para os investidores e exige uma postura cautelosa, já que o mercado permanece amplamente neutro enquanto avalia as perspectivas para uma nova onda de valorização do USD/JPY.

O Resumo de Opiniões da reunião de outubro do Banco do Japão, publicado na segunda-feira, indicou que os formuladores de políticas esperam um novo aumento das taxas em breve.

No entanto, ainda há dúvidas sobre como as novas políticas da primeira-ministra Takaichi afetarão a economia e a inflação.

Vários membros do conselho também observaram que os aumentos tarifários dos EUA e o crescimento dos salários nas empresas japonesas são fatores determinantes para o timing do próximo ajuste de juros.

A conselheira Junko Nakagawa alertou para o baixo consumo doméstico e expressou preocupações sobre as perspectivas econômicas dos EUA.

Dados recentes sugerem que as condições atuais da economia podem estar pressionando os gastos do consumidor, levantando a hipótese de que uma queda na demanda interna possa conter a inflação impulsionada pelo consumo. Esse cenário adiciona mais incerteza à política do Banco do Japão e continua pesando sobre o yen.

Na terça-feira, o Ministério da Economia do Japão afirmou que o governo está cada vez mais ciente de como a inflação elevada está corroendo o poder de compra dos consumidores, e pretende adotar medidas para mitigar esse impacto.

Minoru Kiuchi acrescentou que um yen mais fraco tem contribuído para o aumento dos custos de importação e dos preços ao consumidor.

Na noite de domingo, o Senado dos EUA deu um passo importante ao iniciar o debate sobre uma proposta para restaurar o financiamento federal e encerrar a mais longa paralisação governamental da história americana.

Esse avanço proporcionou suporte adicional aos ativos de risco e teve efeito negativo sobre o yen, tradicionalmente considerado moeda de refúgio.

Ao mesmo tempo, as expectativas de um corte de juros pelo Federal Reserve em dezembro limitam o potencial de fortalecimento adicional do dólar.

Do ponto de vista técnico, para que o par USD/JPY continue subindo, será necessário romper a zona de resistência-chave em 154,50.

Um movimento sustentado acima desse nível impulsionaria os touros, abrindo caminho para 155,00, 155,60 e 156,00. Por outro lado, uma correção abaixo de 154,00 poderia ser vista como oportunidade de compra na faixa de 153,60–153,50, ajudando a conter a queda do par próximo ao nível psicológico de 153,00.

No entanto, uma quebra decisiva abaixo dessa região abriria espaço para perdas mais amplas, com o nível de 152,00 atuando como suporte sólido no curto prazo.