Ameaça de Trump de tarifar 100% do petróleo russo enfrenta ceticismo
A promessa do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 100% sobre países que continuam comprando petróleo russo parece mais retórica política do que uma medida realista. Especialistas do setor energético e geopolítico consideram essa hipótese improvável, alertando que tal movimento aumentaria drasticamente a inflação global e poderia causar um colapso na economia mundial.
No início de julho, a Casa Branca ventilou a possibilidade de sanções secundárias, incluindo tarifas punitivas contra nações que seguirem importando petróleo bruto e derivados russos, a menos que Moscou aceite um amplo acordo de paz com a Ucrânia em até 50 dias. O prazo se encerra no início de setembro de 2025.
Fernando Ferreira, diretor de riscos geopolíticos da Rapidan Energy Group, afirmou que as tarifas secundárias são uma ferramenta extremamente agressiva, explicando que retirar mais de 4,5 milhões de barris por dia do mercado global e cortar laços comerciais com países-chave pode gerar um choque nos preços do petróleo e desestabilizar a economia global.
Clay Seigle, pesquisador sênior do Center for Strategic and International Studies, compartilha da mesma preocupação. Para ele, uma tarifa de 100% sobre compradores de petróleo russo derrubaria a oferta global e elevaria os preços de forma explosiva.
Além disso, o histórico da própria administração Trump não inspira confiança. Durante seu governo, a aplicação de uma tarifa de 25% sobre o petróleo venezuelano foi ineficaz, assim como suas tentativas de pressionar Moscou com sanções energéticas mais amplas.
Céticos também se manifestam na Ásia. Executivos de refinarias indianas — grandes consumidoras de petróleo russo — permanecem indiferentes à retórica de Trump e não enxergam motivo para reduzir suas importações no curto prazo.