Recuperação do dólar pressiona mercados da zona do euro e levanta alertas globais
A enfraquecida moeda norte-americana continua enfrentando forte volatilidade, com oscilações constantes. No entanto, sua recente recuperação pode sinalizar um ponto de virada. Caso esse movimento se consolide, o dólar poderá finalmente interromper a sequência de quedas iniciada no início de 2025. Se esse cenário se confirmar, especialistas acreditam que a pressão sobre as ações europeias tende a diminuir.
O dólar, que havia recuado 10% em relação às máximas de janeiro, voltou a subir após os Estados Unidos firmarem acordos comerciais com o Japão e a União Europeia. Para o Barclays, esse movimento representa o início de uma mudança mais ampla nos preços. O banco também ressalta que a atual posição vendida dos traders contra o dólar parece excessiva, enquanto os lucros corporativos e os dados macroeconômicos dos EUA continuam sólidos.
Por outro lado, o cenário é menos favorável para o mercado acionário europeu. A valorização do euro, impulsionada principalmente por fluxos de capital e não por diferenciais de juros, tem prejudicado os lucros das empresas da região, especialmente as exportadoras.
Os estrategistas cambiais do Barclays projetam um enfraquecimento gradual da moeda europeia, com o par EUR/USD podendo cair para 1,1300. Eles avaliam que esse movimento pode reverter parte dos ganhos obtidos pela zona do euro no início de 2025, quando o dólar mais fraco e as condições comerciais deterioradas pelas tarifas favoreceram temporariamente a região.
Como consequência, as ações europeias vêm ficando atrás das americanas em termos de desempenho. Segundo o Barclays, a força do euro impactou os lucros corporativos mais do que as tarifas impostas por Donald Trump, agravando as perspectivas econômicas. Um novo avanço do dólar, no entanto, poderia aliviar esse impacto e até melhorar as projeções de lucro das empresas europeias.
Ainda assim, persistem riscos no médio prazo. Uma alta sustentada do dólar pode ser limitada por dúvidas quanto à independência do Federal Reserve e por uma possível convergência nas taxas de juros em 2026 — especialmente se o crescimento da Alemanha ou da União Europeia superar as expectativas.
Para os analistas do Barclays, o mercado cambial já não oferece apostas unilaterais. “Se o dólar realmente encontrou um piso, isso marcaria uma mudança significativa nos motores dos mercados de ações globais”, concluem.