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NNos últimos três dias, o EUR/USD vinha avançando de forma consistente, subindo de 1,1160 para uma máxima local de duas semanas em 1,1363 — um ganho de quase 200 pontos, um desempenho impressionante sob qualquer perspectiva. No entanto, apesar do forte impulso, os compradores não conseguiram sustentar posições acima da zona de 1,13. O principal fator foi a divulgação dos dados do PMI de maio, que vieram mais fracos que o esperado. Além disso, o dólar americano iniciou uma correção após um período prolongado de queda, com o índice DXY tentando recuperar a marca de 100.
Esse contexto impediu que os touros do EUR/USD superassem a resistência técnica em 1,1320 — correspondente à linha Kijun-sen no gráfico diário. Embora essa seja uma barreira intermediária, seu rompimento teria gerado um sinal de alta do tipo "Line Parade" no indicador Ichimoku, confirmando a força da tendência de valorização. No entanto, os fundamentos conflitantes acabaram se refletindo em sinais técnicos igualmente contraditórios.
Segundo as projeções preliminares, esperava-se que os dados do PMI de maio permanecessem próximos dos níveis de abril — ainda em território de contração. A principal incerteza girava em torno do PMI de serviços da zona do euro, que havia recuado para 50,1 em abril, próximo do limite de estagnação. Os analistas previam uma leve recuperação para 50,6, mas o índice caiu drasticamente para 48,9 — firmemente em território contracionista e atingindo seu nível mais baixo desde janeiro de 2024.
Outros componentes do relatório também decepcionaram ou ficaram em linha com as previsões, mas todos abaixo do limite dos 50 pontos. O PMI composto da zona do euro recuou de 50,4 para 49,5, sinalizando uma desaceleração mais ampla na atividade econômica. Na Alemanha, o PMI de serviços caiu mais do que o previsto, para 47,2 (estimativa: 49,6) — o pior resultado desde agosto de 2023. O PMI industrial alemão, por sua vez, ficou em 48,8, conforme esperado, mas ainda abaixo da linha de expansão.
Essa retração na atividade econômica representa um sinal de baixa para o euro — especialmente diante do crescente coro de declarações dovish por parte do BCE. Klaas Knot, membro do Conselho do BCE e presidente do banco central da Holanda, afirmou recentemente que a autoridade monetária pode cortar ainda mais as taxas de juros na próxima reunião de 5 de junho, dependendo das novas projeções macroeconômicas.
Declarações semelhantes já haviam sido feitas por François Villeroy de Galhau, presidente do Banco da França, que observou que as políticas protecionistas de Donald Trump devem acelerar a inflação nos EUA, mas não na zona do euro — abrindo espaço para mais flexibilização monetária no verão europeu.
De forma inesperada, o presidente do banco central da Bélgica, Pierre Wunsch, também adotou um tom dovish, defendendo que o BCE reduza os juros para "um pouco abaixo de 2%", em resposta às tensões comerciais globais. Isso contrasta com sua postura em fevereiro, quando se opôs a uma trajetória automática de cortes para a taxa de depósito.
Mario Centeno, presidente do banco central de Portugal, também endossou essa linha, sugerindo que os juros poderiam ser reduzidos para abaixo do nível neutro — na faixa entre 1,5% e 2,0% — como forma de manter a inflação sob controle.
As expectativas de consenso indicam dois cortes de 25 pontos-base ainda em 2025, levando a taxa de depósito para 1,75%. Os recentes comentários de Galhau, Knot, Wunsch, Centeno e outros reforçam essa perspectiva. Os dados fracos do PMI apenas consolidam as apostas de que o BCE seguirá com sua política acomodatícia no curto prazo.
Nesse cenário, o euro continua com dificuldades para liderar a valorização do EUR/USD. Com o dólar iniciando uma recuperação após três dias de quedas, o par recuou, devolvendo parte dos ganhos recentes.
Na minha visão, a tendência de alta ainda não acabou. Apesar da fraqueza do euro (evidente também em seus pares cruzados), o dólar permanece vulnerável diante dos riscos persistentes de estagflação nos EUA. A guerra comercial continua, as tarifas pesam sobre a economia americana e global, e as negociações com a China seguem paralisadas desde o encontro em Genebra.
Além disso, nem Washington nem Pequim demonstram boa vontade. Recentemente, os EUA proibiram países terceiros de usar chips da Huawei, alegando violações das regras de controle de exportação. Em resposta, a China acusou os EUA de violar os acordos de Genebra e exigiu o fim das acusações infundadas sobre ameaças no espaço, após o anúncio do sistema de defesa antimísseis "Iron Dome" proposto por Trump.
Em resumo, o dólar não parece capaz de sustentar um movimento duradouro que leve o EUR/USD de volta à região inferior de 1,12.
Uma análise do gráfico diário mostra que, ao se aproximar do suporte em 1,1280 (linha média das Bandas de Bollinger no D1), o ímpeto de baixa perdeu força.
Tudo isso sugere que a atual retração corretiva deve ser vista como uma oportunidade de entrada em posições compradas, com primeiro alvo em 1,1320 (Kijun-sen diário) e alvo principal em 1,1400.