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Ouro oscila entre extremos com o fim da primavera. O ouro tem registrado fortes movimentos de alta e baixa neste final de primavera. A semana encerrada em 16 de maio foi a pior para o metal precioso, impulsionada pelo otimismo de que, após a trégua comercial entre Washington e Pequim, as políticas protecionistas da Casa Branca haviam alcançado seu limite. Em contraste, os cinco dias que antecedem 23 de maio apontam para o melhor desempenho do ouro em pelo menos um mês, desta vez impulsionado pelas crescentes preocupações fiscais nos Estados Unidos. Investidores buscam ativos de proteção — e o ouro vem cumprindo esse papel com excelência.
Nos EUA, o volume de títulos públicos em circulação saltou de US$ 4,5 trilhões em 2007 para quase US$ 30 trilhões atualmente. No mesmo período, a relação dívida/PIB subiu de 35% para 100%. A agência Moody's projeta que esse índice pode alcançar 134% até 2035, a menos que Washington adote medidas drásticas para conter o avanço da dívida. No entanto, o recente pacote fiscal aprovado na Câmara dos Representantes sugere que Donald Trump não está disposto a seguir por esse caminho.
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), as medidas previstas no projeto devem ampliar o déficit em mais US$ 2,7 trilhões. Para financiar esse rombo, será necessária uma emissão em larga escala de títulos do Tesouro — e os investidores exigirão rendimentos mais altos. Em condições normais, o aumento dos juros pressionaria a cotação do ouro frente ao dólar (XAU/USD). Contudo, o que se observa é uma liquidação mais ampla dos ativos norte-americanos, inclusive do próprio dólar, o que abre espaço para o ouro brilhar.
Ouro vs. Dinâmica do rendimento do Tesouro dos EUA
Tensões geopolíticas e demanda chinesa impulsionam o ouro. As tensões geopolíticas também continuam a sustentar a demanda por ouro. Nos bastidores da reunião de ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G7, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou a seus colegas europeus que os Estados Unidos estão prontos para endurecer as sanções contra a Rússia, diante da recusa de Moscou em encerrar o conflito armado na Ucrânia. Paralelamente, relatórios de inteligência dos EUA indicam que Israel estaria se preparando para lançar ataques contra instalações nucleares do Irã.
Somando-se a esse cenário favorável à alta, há um aumento significativo na demanda por ouro físico por parte da China. Em abril, as importações chinesas saltaram para 127,5 toneladas, atingindo o maior patamar em 11 meses. Isso reforça a percepção de que a recente recuperação do ouro a partir do limite inferior de sua faixa de consolidação de médio prazo — entre US$ 3.100 e US$ 3.400 por onça — não é apenas técnica, mas também sustentada por fundamentos sólidos.
Dinâmica de importação de ouro da China
Além disso, a pausa do Fed na flexibilização da política monetária pode em breve chegar ao fim. De acordo com Christopher Waller, funcionário do FOMC, se as tarifas se estabilizarem perto de 10% durante a atual pausa de 90 dias, é provável que o Fed corte a taxa dos fundos federais no segundo semestre do ano. Historicamente, a flexibilização monetária enfraquece o dólar dos EUA e favorece os ganhos do XAU/USD. Quanto mais próximo esse cenário estiver, mais favorável será a perspectiva para o ouro.
Quadro técnico
No gráfico diário, o ouro ultrapassou seu nível de valor justo de baixo para cima - indicando um forte interesse de compra. Um movimento sustentado acima de US$ 3308 por onça, seguido de um teste bem-sucedido do limite superior do canal de baixa anterior, constitui um sinal de alta - sugerindo que pode ser o momento de voltar a entrar em posições de compra.