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Enquanto o mercado discute os possíveis impactos da nova legislação sobre stablecoins, as renovadas ameaças tarifárias de Donald Trump estão reduzindo o apetite global por risco, pressionando o par BTC/USD para baixo. Após uma valorização de 50% entre as mínimas de abril e as máximas históricas registradas em maio, o Bitcoin já sinalizava uma correção — e ela não demorou a acontecer.
Segundo o Deutsche Bank, as stablecoins representam uma classe de ativos que oferecem pagamentos baratos, ininterruptos (24 horas por dia, 7 dias por semana) e sem fronteiras, com base no dólar — o que as torna especialmente atrativas para negociações e transferências de valores. Atualmente, o volume de stablecoins em circulação gira em torno de US$ 243 bilhões, e o interesse por esse mercado continua crescendo rapidamente.
Dinâmica e estrutura do mercado de stablecoins
Uma das principais disposições do projeto de lei em análise no Congresso é a exigência de que as stablecoins sejam totalmente lastreadas. Os colaterais elegíveis incluem depósitos bancários segurados, dinheiro físico e títulos do Tesouro com vencimento de até 93 dias. Alguns participantes do mercado acreditam que a aprovação da lei impulsionará a demanda por Treasuries e ajudará o Departamento do Tesouro a financiar a enorme dívida nacional — exatamente o resultado que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, espera alcançar.
A administração dos EUA costuma elogiar a desregulamentação como um catalisador para o crescimento econômico, argumentando que a eliminação de restrições estimula o ambiente de negócios. No entanto, no caso das criptomoedas, é justamente a regulamentação que tem impulsionado a demanda e os preços. A legislação sobre stablecoins ofereceria uma estrutura regulatória e estabeleceria um precedente para futuras leis voltadas a outros ativos digitais, atraindo investidores institucionais para o setor.
Esse movimento já está em andamento. Por exemplo, o iShares Bitcoin Trust, da BlackRock — o maior ETF de Bitcoin —, recentemente aumentou suas participações em US$ 6,35 bilhões, registrando o maior fluxo semanal desde o lançamento dos ETFs dedicados a criptoativos.
Entradas de capital no fundo iShares Bitcoin Trust
As mudanças positivas no setor de ativos digitais estão se tornando cada vez mais visíveis. No entanto, o Bitcoin e outras criptomoedas semelhantes são ativos inerentemente arriscados e, quando o apetite global pelo risco diminui, o BTC/USD fica sob pressão.
Seria de esperar que a decisão do Tribunal de Comércio Internacional contra as tarifas trouxesse alívio para as ações dos EUA e para o Bitcoin. No entanto, na prática, ela introduziu uma nova incerteza. Além disso, a ameaça de Trump de dobrar as tarifas sobre as importações de aço e alumínio envia um sinal claramente negativo para os ativos de alto rendimento — assim como sua alegação de que a China está violando os termos do acordo entre os dois países.
Quadro técnico
No gráfico diário, o par BTC/USD está formando um padrão de reversão 1-2-3. As posições vendidas iniciadas com a quebra abaixo do nível-chave de 106.750 continuam válidas e podem ser ampliadas caso o BTC rompa abaixo do valor justo em 103.800.