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Os novos dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos EUA divulgados na quarta-feira, embora abaixo da previsão consensual, confirmaram a persistência da pressão inflacionária. Isso justifica plenamente a relutância da Reserva Federal em retomar os cortes nas taxas de juros.
De acordo com o relatório do IPC, a inflação nos EUA subiu de 2,3% para 2,4% em relação ao ano anterior, enquanto a previsão era de 2,5%. A taxa de inflação básica permaneceu em 2,8%, abaixo dos 2,9% esperados. Em termos mensais, a inflação subiu menos do que o previsto.
Há duas razões principais para o cenário atual. A primeira é de natureza global e está ligada à guerra comercial em curso entre os EUA e a China. A recente rodada de negociações em Londres gerou apenas um resultado concreto: um acordo sobre o comércio de metais raros. No entanto, isso está longe de resolver o impasse econômico mais amplo, que contribui significativamente para outro problema enfrentado pela economia americana: a inflação persistentemente alta.
A dissociação das relações comerciais entre China e EUA não favorece os americanos, cuja economia real — com exceção de alguns setores especializados — há muito depende de produtos importados. Por décadas, os consumidores dos EUA compraram itens fabricados na China, como tênis da Nike, smartphones e computadores — todos concebidos nos Estados Unidos, mas produzidos principalmente na Ásia, especialmente na China. As políticas tarifárias mal planejadas de Donald Trump romperam esses vínculos econômicos, acabando por elevar os preços de produtos que agora chegam por rotas indiretas e mais caras.
Como os mercados financeiros globais estão fortemente conectados aos EUA, eles reagiram negativamente a essa instabilidade geoeconômica e à inflação elevada resultante. Essa inflação, por sua vez, adia ainda mais a possibilidade de novos cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve. É por isso que observamos um aumento do pessimismo no mercado e a queda da demanda por ações, criptomoedas e petróleo. Nesse contexto, o ouro tem se valorizado como ativo de refúgio — e até o dólar, que normalmente se fortaleceria com um relatório do IPC acima das expectativas, permanece sob pressão devido ao enfraquecimento do apetite global por ativos denominados na moeda americana.
O contrato futuro do S&P 500 indica uma reversão local de baixa, sugerindo a possibilidade de uma correção nas ações dos EUA. Em meio ao pessimismo generalizado, uma quebra abaixo de 5.990,25 pode abrir caminho para uma queda até 5.866,20 e, posteriormente, para 5.773,20 — níveis que correspondem a uma retração de 23% de Fibonacci. O patamar de 5.983,95 pode ser utilizado como gatilho para posições de venda.
Os preços do ouro podem registrar uma alta moderada em meio ao sentimento negativo generalizado no mercado. Um avanço acima de 3.351,00 pode fortalecer a tendência de alta, com alvo em 3.408,00. O nível de 3.355,00 pode servir como um bom ponto de entrada para posições de compra.