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Enquanto a Casa Branca e o Federal Reserve adotam uma postura de espera, o mercado também opta pela estabilidade. Donald Trump ainda não tomou uma decisão final sobre uma possível intervenção dos EUA no conflito entre Israel e Irã. Paralelamente, o Fed aguarda mais dados sobre os impactos econômicos das tarifas antes de definir sua próxima decisão sobre as taxas de juros.
O cenário de estagflação traçado pelo banco central claramente abalou o S&P 500. O índice recuou, embora classificá-lo como uma "liquidação" seja, no momento, um exagero.
O Fed reduziu sua projeção de crescimento do PIB para 2025, de 1,7% (em março) para 1,4%. Em 2024, a economia cresceu 2,4%. Ao mesmo tempo, elevou suas previsões para a inflação, de 2,7% para 3%, e para a taxa de desemprego, de 4,4% para 4,5%.
O banco central ainda não tem clareza sobre os efeitos das tarifas na economia e, por isso, mantém todas as opções em aberto. A instituição agirá conforme o que mais ameaçar seu duplo mandato: controle da inflação e pleno emprego. Se a inflação continuar subindo, as taxas permanecerão inalteradas. Por outro lado, se o mercado de trabalho enfraquecer, um novo ciclo de flexibilização monetária poderá ser iniciado.
Embora a projeção mediana do FOMC para a taxa dos fundos federais tenha permanecido em 4,5%, sete membros do comitê agora não preveem cortes em 2025 — ante quatro em março. Manter o custo do crédito elevado é negativo para a economia e para o mercado de ações. Não surpreende, portanto, que o presidente Trump tenha reagido com indignação à decisão do Fed em junho.
Trump exigiu um corte imediato de 1 a 2,5 pontos percentuais e chamou Jerome Powell de "tolo". Argumentou que já foram arrecadados US$ 88 bilhões em tarifas sem que isso impulsionasse a inflação, questionando: "Por que o Fed deveria permanecer em compasso de espera?" O candidato republicano afirmou estar convencido de que faria um trabalho melhor do que o atual presidente do Fed e chegou a perguntar — em tom de ironia — se poderia se nomear para o cargo.
É evidente que Trump está insatisfeito com a queda do S&P 500. Durante seu primeiro mandato presidencial, o mercado de ações era visto como um barômetro da eficácia de seu governo. Não há motivos para acreditar que essa perspectiva tenha mudado. O mercado continua reagindo fortemente aos comentários de Trump, o que pode provocar uma volatilidade significativa, especialmente durante a temporada de verão, que costuma ser tranquila.
Ironicamente, um envolvimento direto dos EUA no conflito do Oriente Médio poderia beneficiar o S&P 500. Nesse cenário, aumentaria a probabilidade de o Irã capitular, reduzindo o risco de um bloqueio do Estreito de Ormuz. A consequente queda nos preços do petróleo aliviaria as pressões inflacionárias nos EUA e poderia levar o Fed a adotar uma postura de flexibilização monetária — um desdobramento positivo para as ações.
No gráfico diário, as recentes tentativas de retomada pelos otimistas falharam, evidenciando a fraqueza do lado comprador. Isso abre espaço para posições vendidas, com alvos no valor justo em torno de 5.900 e no pivô-chave de 5.800.