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Donald Trump costuma "ladrar mais do que morder". Os mercados já estão tão acostumados à sua retórica que o S&P 500 quase não reagiu à última ameaça da Casa Branca de aplicar tarifas de 50% sobre as importações de cobre e de 200% sobre produtos farmacêuticos. O presidente deixou claro que não haverá mais prorrogações após 1º de agosto: caso os países não fechem um acordo com Washington até essa data, as tarifas entrarão em vigor.
Apesar de uma leve queda, o S&P 500 permanece próximo aos seus níveis recordes. Nesse cenário, faz sentido que investidores realizem lucros em posições de compra. No entanto, se começarem a levar Trump mais a sério, uma correção entre 5% e 10% no mercado acionário não está descartada — o que pode abrir oportunidades para investidores de varejo comprarem na baixa.
Os grandes bancos seguem otimistas — ou ao menos cautelosamente otimistas — quanto ao futuro do S&P 500. O Goldman Sachs, por exemplo, revisou para cima sua previsão de fechamento do ano, elevando-a de 6.100 para 6.600 pontos, e sua projeção para os próximos 12 meses, de 6.500 para 6.900 pontos. A instituição acredita que os cortes de juros do Fed, os resultados sólidos das empresas e a queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro continuarão a impulsionar o mercado de ações.
Desempenho do S&P 500 e previsões do Goldman Sachs
O Bank of America adota uma postura mais cautelosa. Agora, prevê que o índice encerrará o ano em 6.300 pontos, com uma meta de 6.600 para os próximos 12 meses. Embora reconheça que o excepcionalismo dos EUA esteja enfraquecendo, mantém uma perspectiva positiva, apoiada nas sólidas previsões de lucros corporativos.
Apesar da taxa média de tarifas dos EUA ter subido para 18,7%, a pesquisa do Deutsche Bank aponta que esse percentual ainda está abaixo do pico de 22% registrado no Dia da Independência dos EUA. Além disso, o sentimento do mercado é favorecido por sinais de que as negociações comerciais estão avançando. A Bloomberg Intelligence indica que Washington está próximo de fechar acordos com Índia, Taiwan e União Europeia.
Tendência média das tarifas dos EUA
Os robustos lucros corporativos não são o único fator que sugere uma correção limitada no S&P 500. O mercado de trabalho dos EUA segue resiliente, e os gastos do consumidor continuam fortes. Para que o índice sofra uma queda mais expressiva, seria preciso um desaquecimento significativo da economia americana.
Pelo contrário, a rápida expansão, impulsionada por US$ 3,3 trilhões em estímulos fiscais e pela expectativa de cortes nas taxas do Fed, pode levar as ações a atingirem novos recordes. Não é surpresa que Donald Trump continue pressionando Jerome Powell a adotar uma política monetária mais flexível.
Do ponto de vista técnico, no gráfico diário do S&P 500, os ursos seguem ativos. Eles fizeram mais uma tentativa de romper o suporte-chave na região dos 6.200 pontos, mas essa investida também fracassou. Esse revés aumenta as chances de que uma nova tendência de alta se confirme, reforçando a ideia de abrir posições de compra com alvos em 6.325 e 6.450 pontos.