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O ouro subiu na abertura da sessão asiática na segunda-feira, com os traders a avaliarem as diferentes opiniões entre os funcionários da Reserva Federal dos EUA sobre como a política tarifária do presidente Donald Trump pode afetar a inflação, cada vez mais inclinada para uma postura dovish.
Este salto nos preços reflete um cenário mais amplo de incerteza em torno da economia global e da política monetária. Tradicionalmente, os investidores recorrem ao ouro em tempos de turbulência — e a situação atual não é exceção. As opiniões divergentes dentro do Federal Reserve sobre os rumos da política monetária estão alimentando o clima de cautela. De um lado, alguns membros defendem a manutenção das taxas de juros nos níveis atuais, citando possíveis pressões inflacionárias decorrentes das políticas comerciais de Trump. De outro, os que apoiam uma abordagem mais agressiva alertam que adiar uma alta nas taxas pode fortalecer as expectativas inflacionárias. Essa incerteza quanto aos próximos passos do Fed está levando investidores a buscar proteção em ativos de refúgio, como o ouro.
O metal precioso subiu 0,5%, atingindo quase 3.366 dólares por onça, após o governador do Fed, Christopher Waller, manifestar apoio a um corte nas taxas. A governadora Michelle Bowman também sinalizou estar aberta a essa possibilidade. Por outro lado, outros membros do Fed, como Adriana Kugler, adotaram um tom mais cauteloso, expressando preocupação com a persistência da inflação impulsionada pelas tarifas. Em geral, taxas de juros mais baixas tendem a beneficiar o ouro, que não oferece rendimento.
As divergências internas no Fed coincidem com a pressão crescente de Trump sobre o presidente da instituição, Jerome Powell, cujo mandato vai até maio de 2026. A Casa Branca estaria avaliando possíveis sucessores e já se comprometeu a indicar alguém que defenda cortes nos juros. Na semana passada, Trump também negou reportagens que alegavam ter discutido com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, sobre o impacto de uma eventual demissão de Powell nos mercados.
No cenário comercial, representantes da União Europeia devem se reunir esta semana para elaborar um plano de contingência, caso não se chegue a um acordo com os EUA. Investidores acompanham de perto o avanço das negociações com diversos parceiros antes do prazo de 1º de agosto, estabelecido por Trump para a aplicação das chamadas tarifas recíprocas. Um desfecho negativo pode impulsionar ainda mais o ouro. Até agora, neste ano, o metal acumula alta superior a 25%, impulsionado pelas tensões geopolíticas e pela crescente aversão a ativos denominados em dólares.
Quanto às perspectivas técnicas atuais para o ouro, os compradores precisam recuperar a resistência mais próxima em 3.369. Isso abriria caminho para um movimento em direção aos 3.400, embora romper esse nível possa ser desafiador. O próximo alvo de alta está em 3.444.
Em caso de queda, os ursos tentarão assumir o controle em torno do nível de 3.341. Uma quebra abaixo dessa faixa representaria um duro golpe para os compradores, podendo empurrar o ouro para a mínima de 3.313, com potencial de queda adicional até 3.291.