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A histórica alta nos mercados acionários globais ganhou novo impulso após os Estados Unidos firmarem um acordo comercial com o Japão — um parceiro estratégico fundamental —, aliviando temores de uma guerra tarifária. O pacto, acompanhado por promessas de investimento japonês na economia americana, não apenas energizou os mercados como também levantou novas questões sobre o futuro do comércio global. No entanto, por trás da euforia inicial, surge a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre suas consequências de longo prazo.
A principal dúvida é: esse acordo poderá servir de precedente para negociações semelhantes com outros países asiáticos ou será um caso isolado de sucesso? Igualmente relevante é avaliar os riscos domésticos, especialmente a possível alta da inflação. Estimular a economia por meio de investimentos e da redução de barreiras comerciais pode impulsionar a demanda do consumidor, o que, por sua vez, pode pressionar os preços. O órgão regulador japonês terá de manter vigilância redobrada para evitar que a inflação saia do controle.
O índice de ações da Ásia saltou quase 2%, atingindo o maior nível em quatro anos, o que ajudou o MSCI Global Stock Index a acumular ganhos de 11% em 2025. Os futuros do S&P 500 subiram 0,3% após o índice fechar em nova máxima histórica na terça-feira. Os futuros dos índices europeus também avançaram 1,2%. O índice do dólar americano se fortaleceu, e os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos subiram três pontos-base, para 4,37%.
Após meses de incerteza, os mais recentes acordos tarifários firmados por Trump começam a delinear com mais clareza os contornos de um novo cenário comercial para a maior região industrial do mundo. Como mencionado anteriormente, o presidente dos EUA anunciou um acordo com o Japão que estabelece uma tarifa de importação de 15%, incluindo veículos. Pelo acordo, o principal aliado dos EUA também investirá US$ 550 bilhões na economia americana. O pacto EUA–Japão cria um precedente tático para toda a Ásia, especialmente para economias que ainda estão em negociação com o governo Trump. Ao aceitar uma tarifa reduzida de 15% e prometer investimentos simbólicos, o Japão sinalizou que é possível fazer concessões suficientes para evitar a escalada do conflito, sem necessariamente realizar reformas estruturais profundas.
Os EUA também chegaram a um acordo com as Filipinas para impor uma tarifa de 19% sobre as exportações do país. Inicialmente, Trump havia fixado uma taxa de 17% para o aliado asiático em abril, mas depois a suspendeu para permitir negociações. No início deste mês, ele ameaçou aumentá-la para 20%.
Além disso, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que se reunirá com seus homólogos chineses na próxima semana, em Estocolmo, para mais uma rodada de negociações comerciais. Ele trabalhará na possibilidade de estender o prazo atual para negociações, marcado para 12 de agosto. Bessent observou que as conversas com a China poderão agora abranger uma gama mais ampla de temas, incluindo as compras contínuas de petróleo "sancionado" da Rússia e do Irã por parte de Pequim.
Quanto à perspectiva técnica para o S&P 500, a principal tarefa para os compradores hoje é romper a resistência mais próxima, em 6.331. Isso sinalizaria um crescimento adicional e abriria caminho para um possível rompimento rumo a 6.343. Um objetivo igualmente importante para os touros é manter o controle acima de 6.355, o que fortaleceria ainda mais as posições dos compradores. Em caso de movimento de queda, diante de uma redução no apetite por risco, os compradores devem mostrar força em torno do nível de 6.320. Um rompimento abaixo desse patamar provavelmente faria o índice recuar rapidamente para 6.308 e abriria caminho para 6.296.