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24.07.2025 05:45 PMO euro continua a registrar um crescimento constante frente ao dólar — algo que pode parecer irracional à primeira vista, mas há razões relevantes por trás desse movimento. Vamos analisá-las.
Hoje, o Banco Central Europeu (BCE) realiza sua reunião de política monetária. A expectativa é de que a instituição mantenha todos os parâmetros inalterados, após oito cortes consecutivos nas taxas de juros. Enquanto isso, o Federal Reserve (Fed) reduziu os juros pela última vez em setembro do ano passado, antes mesmo da eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Há, portanto, uma divergência clara e significativa entre as taxas de juros praticadas pelo BCE e pelo Fed — o que, em teoria, deveria impulsionar uma das moedas frente à outra. Atualmente, a taxa básica de juros na zona do euro está em 2,15%, enquanto nos EUA é de 4,5%. No entanto, no par EUR/USD, essa divergência marcante não apenas está sendo ignorada como os mercados parecem simplesmente desconsiderá-la.
Então, o que está acontecendo?
Vamos começar analisando os fatores positivos para o euro. O par EUR/USD é, essencialmente, um instrumento sintético. Seus movimentos não refletem diretamente o estado real da economia europeia, mas sim a relação com o dólar baseada em princípios completamente diferentes. Nem sempre foi assim. Ao longo dos meus 25 anos de carreira, observei diversos fatores fundamentais que influenciavam o par. No entanto, a crise hipotecária de 2008–2009 mudou significativamente a forma como os participantes do mercado avaliam a valorização ou desvalorização da cotação. Desde então, o impulso de alta do par passou a estar 100% associado ao apetite por risco: quando esse apetite aumentava, o dólar era vendido e o euro comprado, fazendo o par subir.
Além disso, as rígidas regras orçamentárias dos países-membros da UE impediram o crescimento excessivo da dívida pública — ao contrário dos Estados Unidos, onde a dívida tem aumentado de forma constante desde a presidência de George W. Bush. No passado, a economia forte da Alemanha costumava puxar o restante da UE consigo. Porém, esses tempos parecem ter ficado para trás — se não para sempre, ao menos por um longo período.
Atualmente, o principal fator que sustenta o euro — apesar dos diversos aspectos negativos enfrentados pelo bloco — é a expectativa de investimentos públicos substanciais na indústria de defesa europeia, na ordem de 800 bilhões de euros. O Parlamento Europeu espera que esse investimento impulsione a economia da UE. Além disso, presume-se que, quando a inflação retornar à meta de 2%, o BCE encerrará seu ciclo de cortes nas taxas de juros. Essa é a leitura mais superficial.
Passando aos fatores que favorecem o dólar no par EUR/USD, o primeiro e mais importante é o diferencial significativo nas taxas de juros, que teoricamente beneficia o dólar. Em segundo lugar, a economia dos EUA apresenta desempenho muito superior ao da Europa. O mercado financeiro norte-americano tem atuado como um verdadeiro ímã, atraindo capital e empresas industriais europeias para os Estados Unidos. Além disso, o dólar mantém sua posição como moeda de reserva global — o que não acontece com o euro.
Agora, vamos analisar os pontos negativos tanto para o dólar quanto para o euro. A principal preocupação em relação ao euro é a desaceleração da economia da União Europeia e a dificuldade das empresas europeias em competir com as norte-americanas, principalmente devido aos elevados custos energéticos. A política externa da UE em relação à Rússia, considerada destrutiva, também pesa negativamente. Além disso, os Estados Unidos impõem tarifas desfavoráveis à Europa — um tema que provavelmente será discutido nas próximas negociações entre Washington e Bruxelas.
No caso do dólar, os fatores negativos incluem a dívida pública astronômica, que cresce a cada novo governo norte-americano. Também há uma queda no interesse por ativos denominados em dólares, em meio ao conflito na Ucrânia, devido ao risco de congelamento de ativos pertencentes a países que não alinhem suas políticas às diretrizes hegemônicas de Washington.
Outro ponto desfavorável para a moeda norte-americana é a incerteza que ronda a política comercial dos EUA, especialmente em relação a parceiros estratégicos como China e Índia. Por isso, muitos especuladores estão, no momento, optando pelo "mal menor" e favorecendo o euro, apesar de suas fragilidades fundamentais. Quanto tempo esse movimento poderá durar é incerto. Contudo, é pouco provável que o par continue subindo indefinidamente apenas com base nesses fatores. Qualquer mudança significativa pode provocar uma forte reversão.
O par está sendo negociado acima de 1,1750. Um movimento abaixo desse nível pode levar a uma queda local em direção a 1,1585, enquanto permanece dentro da faixa lateral de 1,1585-1,1800. Um nível de venda potencial é 1,1743.
O par está se movendo quase em sincronia com o EUR/USD. Também pode se corrigir para baixo depois de quebrar abaixo de 1,3550, possivelmente caindo para 1,3380. Um nível potencial de venda é 1,3542.
