Hoje, o ouro continua uma recuperação intradiária consistente, tendo recuperado uma parte significativa das perdas do dia anterior. Ao mesmo tempo, o dólar americano está se enfraquecendo ligeiramente, à medida que os participantes do mercado realizam lucros após a alta provocada pela declaração do Federal Reserve, que empurrou o índice do dólar para uma alta de dois meses.

Esse fator tem oferecido algum suporte aos preços do ouro. A valorização do metal precioso tem, em grande parte, ofuscado o sentimento positivo predominante nos mercados — que normalmente pressiona esse ativo de refúgio. No entanto, as expectativas de um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro podem limitar uma correção mais acentuada do dólar e atuar como fator de contenção para uma queda mais profunda nos preços do ouro.

O Fed manteve sua taxa básica de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,50% pela quinta reunião consecutiva, apesar da pressão do presidente Donald Trump e de seus apoiadores, que vêm pedindo a redução dos custos de financiamento. Pela primeira vez desde 1993, dois dirigentes do Fed — Michelle Bowman e Christopher Waller — votaram contra a decisão da maioria, sinalizando um afastamento notável do consenso interno.

Na declaração de política monetária que acompanhou a decisão, o Comitê apresentou uma visão mais otimista da economia, citando um crescimento sólido e a continuidade de tendências macroeconômicas positivas. Após a reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que um corte de juros em setembro não está nos planos — o que sustentou o dólar, levando-o a atingir uma máxima de dois meses.

O otimismo adicional veio de dados econômicos sólidos: a Automatic Data Processing (ADP) reportou a criação de 104 mil postos de trabalho no setor privado dos EUA em julho, após uma revisão que indicou uma queda de 23 mil no mês anterior. Um relatório preliminar do Departamento de Comércio também mostrou que o PIB dos EUA cresceu 3,0% em termos anuais no segundo trimestre, após uma contração de 0,5% no primeiro. Esses dados reforçaram as expectativas de manutenção da atual política monetária e deram ainda mais suporte ao dólar.

Olhando à frente, os traders devem acompanhar a divulgação de dados econômicos-chave nos EUA, que provavelmente influenciarão o próximo movimento direcional do par XAU/USD e ajudarão a definir a próxima fase da ação dos preços.

Do ponto de vista técnico, o metal precioso encontra suporte próximo à média móvel simples de 100 dias (SMA) e parece ter interrompido temporariamente sua trajetória de queda após a decisão do FOMC. No entanto, o Índice de Força Relativa (RSI) no gráfico diário começa a recuar, sugerindo que qualquer movimento de alta além do nível psicológico de 3.300 dólares provavelmente enfrentará pressão vendedora e permanecerá limitado na região dos 3.315 dólares. Um avanço sustentado acima dessa zona de resistência poderia desencadear um rali, estimulando o fechamento de posições vendidas e impulsionando os preços em direção ao próximo nível-chave, em torno de 3.330 dólares.

Por outro lado, o suporte imediato se encontra na região de 3.275 dólares, próximo à SMA de 100 dias. Uma quebra abaixo desse patamar exporia o ouro a um novo teste da mínima de junho, localizada na faixa de 3.245–3.248 dólares. Essa zona representa um ponto de inflexão importante; uma violação decisiva abaixo dela funcionaria como um novo gatilho de baixa, abrindo caminho para o nível psicológico de 3.200 dólares.