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Muitos economistas acreditam que o dólar norte-americano e outros ativos dos EUA continuam vulneráveis e podem enfrentar novas ondas de venda após as recentes ações de Donald Trump, que lançaram dúvidas sobre a credibilidade das instituições americanas.
Com a renúncia de Adriana Kugler e a demissão de uma alta funcionária do Departamento de Estatísticas do Trabalho na última sexta-feira, Trump agora tem a chance de indicar um substituto de sua confiança, o que pode enfraquecer ainda mais a autoridade do presidente do Fed, Jerome Powell.
Ações como essas podem corroer a confiança dos investidores na estabilidade da economia e do sistema político dos Estados Unidos. A credibilidade de instituições como o Federal Reserve, o Departamento do Tesouro e o Judiciário é um dos pilares da atratividade dos EUA para o capital internacional. Qualquer dúvida sobre a independência ou a eficácia dessas entidades pode desencadear saídas de capital e enfraquecer o dólar.
No curto prazo, isso pode gerar maior volatilidade nos mercados financeiros, aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro e fuga de recursos dos ativos norte-americanos. Diante da instabilidade política e da imprevisibilidade, investidores tendem a buscar refúgios mais seguros, como o ouro ou moedas de economias desenvolvidas.
No longo prazo, as consequências podem ser ainda mais severas. A perda de confiança institucional pode comprometer o ambiente de investimentos, desacelerar o crescimento econômico e colocar em risco o papel do dólar como moeda de reserva global. Reconstruir essa confiança, uma vez abalada, exigirá tempo e esforços significativos.
O SEB AB destacou que o cenário atual revela "tentativas sérias e renovadas de concentrar mais poder nas mãos da Casa Branca" o que, segundo a instituição, justifica o aumento dos prêmios de risco nos ativos norte-americanos.
As preocupações com a politização das instituições se intensificam em meio a sinais de desaceleração da economia. Embora o dólar tenha iniciado a semana passada em recuperação, sofreu forte queda na sexta-feira, após a divulgação de dados de emprego abaixo das expectativas.
O relatório reforçou as apostas de que a Reserva Federal poderá afrouxar sua política monetária, com os mercados futuros agora precificando com maior probabilidade um corte de juros já no próximo mês. Esse sentimento se intensificou após a renúncia de Adriana Kugler — que, na reunião anterior, havia votado pela manutenção das taxas.
Embora o mercado já esperasse que Trump nomeasse um presidente mais "conciliador" para o Fed em 2026, quando termina o mandato de Jerome Powell, a saída de Kugler pode acelerar esse movimento.
De todo modo, as próximas nomeações para cargos regionais no Fed representam um risco relevante para o mercado — especialmente em agosto, período de menor liquidez devido às férias de verão. No domingo, Trump afirmou que anunciará os sucessores de Kugler e Erica Groshen (McEntarfer) nos próximos dias.
Perspectiva técnica para o EUR/USD: Os compradores precisam recuperar o nível de 1,1600 para tornar viável um movimento em direção à resistência de 1,1640. A partir daí, um avanço até 1,1665 poderá ser tentado, embora dependa do apoio de grandes players. O alvo mais ambicioso está em 1,1690. Em caso de recuo, espera-se uma reação significativa próximo a 1,1555. Se esse nível não oferecer suporte, o par poderá testar novamente a mínima de 1,1518, ou mesmo recuar até 1,1479, ponto que pode ser considerado para novas compras.
Perspectiva técnica para o GBP/USD: Os compradores da libra precisam romper a resistência de 1,3305 para abrir caminho rumo a 1,3340, um patamar difícil de ser superado. O alvo mais distante do movimento de alta está em 1,3380. Se houver recuo, os vendedores devem tentar retomar o controle na região de 1,3255. Um rompimento abaixo desse nível colocaria as posições de compras em risco, podendo levar o GBP/USD à mínima de 1,3217, com chance de queda adicional até 1,3180.