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O último relatório sobre o emprego nos EUA é uma prova direta de que o Federal Reserve não tem outra opção senão voltar a uma política monetária mais flexível. Há alguns anos, o desemprego estava no nível mais baixo em meio século. Agora, essa taxa preocupante atingiu seu nível mais alto desde 2021, registrado no auge da pandemia.
De acordo com a agência governamental Bureau of Labor Statistics (Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos), a taxa de desemprego nos EUA, atualmente em 4,3%, levanta preocupações sobre uma possível desaceleração mais profunda do mercado de trabalho, impactado tanto pela incerteza quanto pelos custos crescentes associados à guerra comercial de Trump.
Esses 4,3% vão além de meros números em um relatório; refletem um quadro complexo de forças econômicas interligadas que vêm corroendo, de forma constante, a base do emprego nos Estados Unidos. A guerra comercial promovida pelo governo Trump funcionou como catalisador, desencadeando uma reação em cadeia: tarifas e barreiras mais altas não apenas elevaram os custos de produção das empresas, mas também criaram um ambiente de instabilidade que desestimulou a expansão dos negócios e a contratação de novos trabalhadores.
A incerteza se tornou o principal inimigo do mercado de trabalho. Empreendedores, sem visibilidade sobre o futuro, vêm adiando grandes investimentos e, de forma estratégica, reduzindo seus quadros para se preparar para uma possível tempestade econômica. Esse efeito é especialmente perceptível em setores diretamente ligados ao comércio internacional, como manufatura, agricultura e logística.
Além disso, o aumento de custos gerado pelas guerras comerciais pressiona pequenas e médias empresas — a espinha dorsal da geração de empregos nos EUA. Muitas não conseguem suportar esse peso extra e acabam cortando vagas para sobreviver, o que reduz a demanda dos consumidores e desacelera ainda mais o crescimento econômico.
Os dados também confirmam o relatório de emprego do mês passado, que já havia indicado um ambiente de contratação surpreendentemente mais fraco do que o esperado. O crescimento do emprego desacelerou significativamente nos últimos meses, as vagas diminuíram e o aumento dos salários perdeu força — fatores que pressionam negativamente a atividade econômica como um todo.
O mercado parece acreditar que o relatório desta sexta-feira altera radicalmente o cenário. Na realidade, era exatamente isso que os formuladores de políticas esperavam. Normalmente, notícias negativas para os trabalhadores americanos acabam beneficiando Wall Street, pois aumentam a probabilidade de cortes de juros pelo Federal Reserve. Mais crédito, mais crescimento, ações em alta e um dólar mais fraco.
No câmbio, os operadores não perderam tempo e seguiram vendendo ativos denominados em dólar.
Cenário técnico atual para o EUR/USD: os compradores precisam superar a região de 1,1740 para buscar um teste em 1,1781. A partir daí, uma alta até 1,1825 é possível, embora atingir esse patamar sem o apoio dos grandes players seja difícil. O alvo final está na máxima de 1,1875. Em caso de correção, a expectativa interesse real de compra apenas próximo de 1,1705. Se não houver compradores nesse nível, o ideal é aguardar um teste do fundo em 1,1660 ou abrir posições compradas a partir de 1,1630.
Cenário técnico para o GBP/USD: os compradores da libra precisam romper a resistência mais próxima em 1,3520. Só assim poderão mirar o alvo em 1,3550, acima do qual será difícil sustentar novas altas. O alvo final está em 1,3590. Em caso de queda, os vendedores tentarão retomar o controle em torno de 1,3485. Se tiverem sucesso, uma quebra dessa faixa poderá empurrar o GBP/USD para 1,3450, com perspectiva de alcançar 1,3415.