Yuan ganha espaço, mas dólar segue soberano
Imagine um cenário em que a China não desperdiça nenhuma oportunidade. É exatamente isso que está acontecendo: Pequim está aproveitando a turbulência no comércio global para impulsionar o uso internacional do yuan — demonstrando que sabe exatamente como e quando agir.
De acordo com a Reuters, o governo chinês soube capitalizar o momento de incerteza para dar maior visibilidade à sua moeda. No entanto, o caminho do yuan ainda está longe de ser livre de obstáculos. Embora não represente uma ameaça real à supremacia do dólar, o avanço da moeda chinesa fortalece a posição estratégica de Pequim no tabuleiro geopolítico. Ainda assim, muitos analistas acreditam que, diante da crescente desconfiança em relação ao dólar americano, quem realmente pode se beneficiar é o euro — e não o yuan.
Mas os números são reveladores: em março de 2025, os pagamentos transfronteiriços em yuan atingiram um recorde histórico, impulsionados por uma crescente demanda global. E qual tem sido o principal combustível dessa tendência? A política tarifária agressiva do presidente Donald Trump. As tarifas amplas e pesadas impostas por Washington abalaram a confiança nos ativos americanos e minaram a credibilidade do dólar.
Enquanto isso, a China age silenciosamente, mas com firmeza. A estatal China UnionPay, controlada pelo Banco Popular da China (PBOC), expandiu sua rede de pagamentos para o Vietnã e o Camboja. Estimativas preliminares indicam que o sistema estará presente em mais de 30 países em breve — um passo decisivo para ampliar o uso do yuan como moeda global de comércio e investimento.
Apesar desses avanços, a Reuters destaca que nenhuma moeda rivaliza com o dólar neste momento. Dados da SWIFT mostram que o dólar ainda representa quase 50% de todas as transações globais. O yuan subiu para a quarta posição, com cerca de 4% de participação, mas ainda está longe de ameaçar a liderança do dólar. Por isso, mesmo com o ceticismo crescente em relação à moeda americana, investidores seguem mais propensos a buscar refúgio no euro do que no yuan.
Ainda assim, os laços cada vez mais estreitos da China com mercados emergentes e países do Sul Global podem, com o tempo, abrir caminho para uma presença internacional mais sólida do yuan — concluem os especialistas.