Euro dificilmente poderá destronar o dólar americano, apesar de seu forte potencial
Ótimas notícias para a moeda única europeia: cresce entre especialistas a crença de que o euro pode, em breve, desafiar a hegemonia do dólar como principal moeda global. Curiosamente, há não muito tempo, muitos consideravam o euro inadequado para tal papel. A recente onda de otimismo reflete tanto a crescente confiança no euro quanto o sentimento cada vez mais negativo em relação ao dólar americano.
Apesar desse entusiasmo, analistas do banco Macquarie ponderam que, embora o euro seja o principal candidato a ocupar esse posto, o dólar ainda permanece insubstituível no sistema financeiro internacional. Para alcançar a liderança global, a moeda da União Europeia ainda precisa preencher uma série de pré-requisitos cruciais.
No quesito conversibilidade sem controle de capitais, o euro está em pé de igualdade com o dólar e o iene. Mas, segundo o relatório do Macquarie, isso não basta. Analistas explicam que o emissor de uma moeda global precisa operar com déficit em conta corrente, para fornecer liquidez suficiente ao resto do mundo. O dólar cumpre esse papel, já o euro, o iene e o yuan não.
Outro ponto-chave é a existência de um mercado profundo e líquido de ativos — novamente, uma vantagem clara para o dólar. As demais moedas, incluindo o euro, não oferecem o mesmo nível de segurança, profundidade e liquidez em seus mercados financeiros.
No campo dos sistemas de pagamento internacionais, o euro também fica para trás. O domínio das plataformas SWIFT e CHIPS, com forte presença dos EUA, reforça a supremacia do dólar. Os analistas observam que nenhuma outra moeda se aproxima desse patamar de infraestrutura global.
Adicionalmente, os Estados Unidos mantêm vantagem em termos de crescimento econômico e liquidez. De acordo com o Macquarie, é a única grande economia capaz de expandir simultaneamente trabalho e capital, enquanto sustenta ganhos em produtividade multifatorial.
Embora reconheça o avanço do euro no cenário global, o relatório ressalta que a moeda europeia está longe de alcançar o protagonismo do dólar. Hoje, o dólar representa 58% das reservas cambiais globais, contra 20% do euro. Nas transações via SWIFT, o dólar também lidera com cerca de 50%, enquanto o euro aparece em segundo lugar com 22%.
Apesar dos progressos, o euro ainda está longe de desbancar o dólar. Para os analistas do Macquarie, não há alternativa viável à moeda americana no horizonte próximo.