Trump avança com contas de investimento para bebês americanos
Uma proposta inusitada — e polêmica — acaba de ser apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desta vez, o foco são os recém-nascidos norte-americanos. Segundo um novo projeto de lei, todo bebê nascido em solo americano entre 31 de dezembro de 2024 e 1º de janeiro de 2029 receberá um depósito de US$ 1.000 do governo federal em uma conta de investimento. Uma generosidade que já vem gerando discussões acaloradas.
Na segunda-feira, 9 de junho, Trump lançou oficialmente o programa durante um evento na Casa Branca, que contou com a presença de CEOs de grandes empresas como Uber, Goldman Sachs e Dell Technologies. De acordo com ele, as chamadas “Contas Trump” — contas de investimento com benefícios fiscais atreladas ao desempenho do mercado de ações — terão uma contribuição única de US$ 1.000 para cada criança nascida dentro do período estipulado.
Essas contas serão administradas pelos responsáveis legais da criança e permitirão depósitos adicionais de até US$ 5.000 por ano, provenientes de fontes privadas. Para Trump, trata-se de “uma causa pró-família que vai permitir que milhões de americanos aproveitem o poder da nossa economia para apoiar a próxima geração”.
A iniciativa foi bem recebida por parte do setor privado. Nomes de peso como Michael Dell, Dara Khosrowshahi (Uber), David Solomon (Goldman Sachs) e Vladimir Tenev (Robinhood) prometeram investir bilhões nas contas dos filhos de seus funcionários. Trump aproveitou a ocasião para elogiá-los, chamando-os de “as mentes empresariais mais brilhantes que temos”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, também não poupou elogios: “Essa é uma política ousada e transformadora que oferece à criança americana uma vantagem financeira desde o nascimento”.
A proposta já foi aprovada pela Câmara como parte de um amplo pacote orçamentário. No entanto, enfrenta forte resistência no Senado, inclusive entre senadores republicanos. Isso porque o projeto das “Contas Trump” não pode ser implementado de forma isolada — sua viabilidade está condicionada à aprovação do chamado “grande e belo projeto de lei”, que Trump considera “uma das legislações mais importantes da história dos Estados Unidos”.
Mas nem tudo são flores. Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o pacote como um todo deve adicionar US$ 2,4 trilhões à dívida pública americana na próxima década. E o custo virá com cortes: programas de assistência alimentar e de saúde (Medicaid) serão reduzidos, o que poderá deixar até 10,9 milhões de pessoas sem acesso à saúde até 2034.
Assim, o que começou como uma promessa de futuro financeiro para os recém-nascidos americanos está se tornando um novo ponto de tensão no cenário político e econômico dos EUA.