BCE pausa cortes de juros até setembro, enquanto euro segue em alta
Ao que tudo indica, o Banco Central Europeu (BCE) não está com pressa para dar um alívio aos tomadores de crédito. Pelo contrário: resolveu fazer uma pausa até setembro, segundo analistas da Capital Economics. Um novo corte de juros? Quase impossível antes do outono, dizem eles.
Motivos não faltam: incertezas persistentes na economia global, tensões comerciais em alta e um euro que, como um maratonista incansável, segue ganhando força dia após dia.
Em junho, o BCE chegou a animar o mercado ao reduzir a taxa de depósito em 25 pontos-base — o oitavo corte em 12 meses, levando o juro a 2,0%. No entanto, preferiu não divulgar um plano detalhado para o restante do ano, deixando investidores no escuro e o mercado à mercê das especulações.
A queda da inflação para a meta de 2% também esfriou o entusiasmo. Agora, fala-se em uma trégua monetária durante o verão europeu, com possibilidade de novo corte apenas mais perto do inverno. Para Franziska Palmas, da Capital Economics, o BCE não tem nenhuma pressa e deve seguir o manual, só se movimentando, provavelmente, em setembro.
Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, Donald Trump volta a fazer barulho. A suspensão das suas tarifas comerciais expira em 9 de julho, e a União Europeia já está sentindo a pressão. Bruxelas tenta negociar algum tipo de alívio, especialmente para setores considerados “sensíveis”. O problema? Ninguém consegue definir exatamente o que significa “sensível”.
No BCE, o euro também virou motivo de preocupação. A moeda já acumula uma valorização de 14% no ano. Em Bruxelas, o clima é de apreensão: um euro forte demais atrapalha o controle da inflação e prejudica as exportações europeias. O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, chegou a dizer que uma cotação acima de US$ 1,20 não é só um incômodo — é uma baita enxaqueca.
Resultado: os juros seguem em compasso de espera, o euro continua turbinado, e o BCE permanece em estado de reflexão profunda.