A Alemanha pode perder até 31 bilhões de euros por ano devido às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, um valor expressivo, com potencial para causar sérios danos à maior economia da Europa. O alerta foi feito por analistas da consultoria Deloitte, que ressaltaram os riscos enfrentados pelo país em meio à intensificação das tensões comerciais transatlânticas.

Segundo a Deloitte, as exportações alemãs para os Estados Unidos podem sofrer uma queda de até 20% no médio prazo. Ainda assim, o relatório aponta que parte dessas perdas poderia ser compensada com a redireção dos fluxos comerciais para outros mercados, tanto dentro da União Europeia quanto para países como Indonésia e Coreia do Sul. Com isso, as perdas seriam reduzidas para cerca de 7,1 bilhões de euros.

O setor de máquinas seria o mais afetado, com uma possível perda anual de 7,2 bilhões de euros. Já a indústria farmacêutica pode enfrentar um déficit de 5,1 bilhões de euros. Os segmentos químico, automotivo e de engenharia elétrica também devem sentir os efeitos negativos.

No âmbito do acordo comercial recentemente firmado entre Estados Unidos e União Europeia, os produtos europeus que entrarem no mercado americano passarão a pagar uma tarifa de 15%. Já as exportações americanas destinadas à Europa estarão isentas de tarifas. Como contrapartida, a Comissão Europeia se comprometeu a comprar 750 bilhões de dólares em energia dos Estados Unidos e a investir outros 600 bilhões de dólares na economia norte-americana.

Antes da assinatura do acordo, a associação alemã de fabricantes de aço, Wirtschaftsvereinigung Stahl, havia celebrado o fato de que ambas as partes conseguiram evitar um conflito comercial mais profundo. No entanto, a entidade alertou que o tratado atual pouco contribui para aliviar a situação já considerada “catastrófica” da indústria siderúrgica europeia. O chanceler alemão Friedrich Merz também reconheceu as dificuldades e declarou que a tarifa de 15% foi o melhor resultado possível, dadas as circunstâncias.