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Mercado de ouro entra em choque após Trump impor tarifas sobre o comércio de metais preciosos

Mercado de ouro entra em choque após Trump impor tarifas sobre o comércio de metais preciosos

Dias sombrios se aproximam para o ouro, e o metal precioso está sob ameaça. Em uma medida inesperada, os Estados Unidos impuseram tarifas sobre barras de ouro de um quilo, a forma mais popular de ouro negociado em bolsas. Com essa ação, a administração do presidente Donald Trump transformou o ouro, antes considerado um ativo seguro e símbolo de estabilidade, em uma fonte de volatilidade.

A notícia surpreendeu traders, analistas e profissionais do setor, com alguns classificando o episódio como catastrófico. Especialistas alertam para possíveis interrupções no fornecimento e para uma redução do papel da Comex como centro global de negociação de contratos futuros de ouro.

O pânico se espalhou após a entrada em vigor das tarifas sobre barras padrão de um quilo e 100 onças, que dominam as negociações na Comex, em Nova York, o maior mercado de futuros de ouro do mundo. Segundo a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA, essas barras passam a estar sujeitas às tarifas retaliatórias introduzidas por Trump.

A mudança principal está na classificação aduaneira: o ouro agora é designado pelo código 7108.13.5500 como “produto semi-manufaturado”, sujeito a tarifas, em vez de 7108.12.10, que é isento de impostos por ser “ouro bruto”.

Diante desse cenário, os contratos futuros de ouro em Nova York, lastreados por essas barras, dispararam para um recorde de US$ 3.534 por onça, surpreendendo o mercado, enquanto os preços em Londres permaneceram estáveis, criando um spread incomum superior a US$ 100.

Joni Teves, analista do UBS, afirmou que a notícia foi uma enorme surpresa e destacou que era exatamente o que o mercado temia. Especialistas alertam que tais tarifas ameaçam a posição dominante de Nova York no mercado de futuros de ouro. Teves explicou ainda que isso cria um problema para o mercado global de ouro, que utiliza os futuros da Comex para proteger posições, e levantou a questão sobre alternativas para liquidar esses contratos, seja em produtos ou locais diferentes, ou se outros centros poderiam se tornar mais relevantes.

A decisão afetou especialmente a Suíça, que fornece a maior parte do ouro padronizado para os Estados Unidos. Trump já havia imposto tarifas de 39% sobre produtos suíços, tensionando a relação entre os países. Um apelo da presidente suíça Karin Keller-Sutter não conseguiu reverter a decisão de Washington. Em 8 de agosto, a Associação Suíça de Metais Preciosos (ASFCMP) expressou preocupação com o impacto das tarifas sobre a mineração e o comércio físico de ouro com os EUA, parceiro de longa data. Segundo a entidade, os novos impostos tornam as exportações de ouro para os Estados Unidos economicamente inviáveis.

Outra questão pendente é se outras formas de ouro, como as barras de 400 onças negociadas ativamente em Londres, também serão atingidas pelas tarifas. Caso não sejam, poderiam ser enviadas aos EUA e transformadas em barras de um quilo, sugeriu um gerente de refinaria. No entanto, a capacidade de processamento na América é limitada. Se essa se tornar a única solução, o mercado da Comex pode se tornar não lucrativo, estimou Nikos Kavalis, diretor da Metals Focus. Analistas alertam que a política de tarifas de Washington está corroendo a reputação do ouro como instrumento financeiro estável.

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