Comércio global sob pressão e perspectivas tornam-se mais sombrias
O comércio mundial entra em um cenário cada vez mais instável, e os analistas soam o alerta: o ímpeto diminui, o crescimento estagna e as perspectivas se tornam cada vez mais sombrias, mantendo o cenário distante de ser animador.
Dados recentes indicam que a desaceleração pode se aprofundar diante do enfraquecimento da demanda do consumidor, das altas taxas de juros e de políticas fiscais mais rigorosas. Esses fatores exercem pressão significativa sobre os fluxos transfronteiriços de mercadorias.
Nesse cenário, os estrategistas de câmbio da Capital Economics afirmam que o período anterior de crescimento do comércio chegou ao fim e foi substituído por uma tendência lateral. Segundo os analistas, o comércio de bens, historicamente considerado um indicador da saúde econômica global, perdeu ímpeto tanto em mercados avançados quanto emergentes.
Uma combinação de fatores estruturais e cíclicos pesa sobre o comércio global. A principal razão é o consumo fraco nas economias ocidentais, especialmente de produtos importados. De acordo com um indicador do Bureau da Holanda, os volumes do comércio global se mantiveram estáveis desde o início de 2025, apesar da retomada da atividade nos Estados Unidos e em partes da Ásia.
Alguns setores, como o de desenvolvimento e produção de componentes tecnológicos, registraram crescimento. Ainda assim, o panorama mais amplo aponta para estagnação.
A Ásia também apresenta sinais de enfraquecimento, com a China, até recentemente considerada o motor das exportações globais, reduzindo de forma significativa sua contribuição para o crescimento do comércio. O desempenho das exportações chinesas foi afetado por tensões geopolíticas, pela menor demanda nos mercados internacionais e pelos esforços de empresas ocidentais em diversificar suas cadeias de suprimentos.
Enquanto isso, políticas monetárias e fiscais mais restritivas têm limitado a demanda interna na maioria das nações desenvolvidas. Nesse cenário, a Capital Economics não prevê uma recuperação significativa e alerta para um “período prolongado de fraqueza” na economia global, que deve se estender até 2026. A pesquisa indica que o crescimento do comércio provavelmente ficará atrás do PIB global, marcando uma reversão acentuada em relação à tendência de uma década, quando o comércio superava consistentemente a economia como um todo.
O cenário do comércio global segue frágil. Exportadores enfrentam demanda incerta, desafios logísticos e condições políticas voláteis. A Capital Economics conclui que, por enquanto, a era dourada do comércio global parece cada vez mais coisa do passado.