BofA redefine o conceito de normalidade comercial
Segundo analistas do Bank of America (BofA), os limites da chamada normalidade no comércio global atual estão bastante difusos. Num mundo em constante mudança, tudo é possível, e a economia global tem se tornado resistente a diferentes tipos de choques.
Embora a incerteza em torno das tarifas tenha diminuído parcialmente, ela ainda permanece acima do nível base dos últimos sete anos. Isso significa que empresas e investidores continuam operando em condições instáveis, pouco propensas a mudanças no futuro próximo.
Os especialistas do BofA destacam que a volatilidade do mercado segue extremamente elevada. Segundo o banco, o nível de incerteza comercial atingiu nove desvios padrão acima da média no início de 2025, e isso ainda não seria o limite.
Os analistas do BofA afirmam que os recentes acordos comerciais entre EUA, Europa e Ásia ajudaram a reduzir a incerteza, mas que ela ainda permanece um a dois desvios padrão acima do normal, o que seria suficiente para restringir os gastos de capital e o crescimento. No entanto, eles destacam que persiste uma questão central: a ambiguidade e a fraca aplicação desses acordos, que, embora forneçam comunicados positivos, deixam margem para conflitos e renegociações.A decisão antecipada da Suprema Corte dos EUA sobre a legalidade das tarifas impostas sob poderes de emergência adiciona ainda mais imprevisibilidade. Os especialistas estimam que a prolongada incerteza comercial reduz os investimentos empresariais em quase 1 ponto percentual ao longo de três trimestres.
O BofA enfatiza que, além das taxas de tarifa efetivas, o impacto da incerteza é um componente-chave da perspectiva econômica, especialmente por reduzir os gastos corporativos. O banco acrescenta que o otimismo em relação à resolução automática das disputas comerciais é mal fundamentado, observando que níveis elevados de incerteza persistem no Canadá e no México, enquanto mercados como o Brasil continuam operando sob um clima de ansiedade.
Os especialistas do BofA resumem que, no ambiente atual, a elevada incerteza torna-se, por si só, um novo padrão de referência, e que empresas que avaliam novas fábricas ou cadeias de fornecimento estão operando em um estado de dúvida. Eles acrescentam que, ao final, o principal peso desses custos recairá sobre os consumidores. O banco também considera que a promessa de um “novo normal” no comércio parece menos com estabilidade e mais com uma “ansiedade constante, com ou sem motivo”.