empty
 
 
Investidores revivem estratégias de 1999 em meio a fundamentos semelhantes

Investidores revivem estratégias de 1999 em meio a fundamentos semelhantes


O mercado global vive um déjà vu tecnológico: a inteligência artificial substitui as pontocom e a Nvidia assume o posto da antiga Cisco como símbolo de uma nova era de euforia. Curiosamente, os investidores tentam se manter na crista da onda sem estourar a bolha.

Com os índices de Wall Street em níveis recordes e a capitalização da Nvidia ultrapassando US$ 4 trilhões, cresce o número de investidores que ressuscitam as estratégias dos hedge funds do fim dos anos 1990, como quem surfa a onda e sai da praia antes que venha a tempestade.

Durante o boom da internet, os hedge funds não lutaram contra a bolha; apenas seguiram o fluxo de forma inteligente, superando o mercado em cerca de 4,5% por trimestre. Hoje, a lógica é a mesma. Francesco Sandrini, da Amundi, afirmou que está repetindo a estratégia que funcionou entre 1998 e 2000, destacando os primeiros sinais de “exuberância irracional” — o entusiasmo crescente nas opções de ações de empresas de inteligência artificial.

Em vez de tentar prever um colapso, ele busca a segunda onda: empresas menos óbvias, ligadas a software, robótica e tecnologias asiáticas. O veterano Simon Edelsten, da Goshawk Asset Management, que viveu a era das pontocom, foi direto ao afirmar que as empresas estão gastando trilhões para disputar um mercado que ainda nem existe.

Para ele, a próxima fase da febre da IA deve se espalhar para setores correlatos, de consultoria em TI à robótica japonesa. Sua filosofia é simples e pragmática: quando alguém descobre ouro, procure a loja que vende as pás. Alguns estão levando o ditado ao pé da letra.

A Fidelity International aposta em urânio, prevendo que a expansão dos data centers de IA elevará o consumo de energia. Já a Carmignac está redirecionando lucros das Magnificent Seven para empresas mais discretas, como a taiwanesa Gudeng Precision, fornecedora de equipamentos para fabricantes de chips. Porém, nem todos compartilham desse entusiasmo.

Analistas alertam que nenhuma revolução tecnológica acontece sem excessos. A Pictet Asset Management já identifica os tijolos da bolha: o crescimento das empresas de IA é real, mas raramente linear. O estrategista Arun Sai lembra que, mesmo com fundamentos sólidos em Microsoft, Amazon e Alphabet, isso não torna o mercado imune a correções.

Outros preferem assistir de longe. O gestor Oliver Blackburn, da Janus Henderson, protege suas posições em tecnologia americana com ativos europeus e do setor de saúde e resume com ironia: estamos vivendo 1999 novamente. A bolha só ainda não estourou.

Back

See aslo

Não pode falar agora?
Faça sua pergunta no chat.