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"Dance enquanto a música toca." O S&P 500 acaba de completar uma sequência de nove dias de alta — a mais longa desde 2024 — impulsionada por um forte relatório do mercado de trabalho dos EUA e pelos resultados otimistas das gigantes de tecnologia. Entre as 31 altas anteriores de duração semelhante, a registrada em maio foi a mais lucrativa. O índice amplo do mercado subiu 10%, recuperando totalmente as perdas acumuladas desde o Dia da Libertação dos Estados Unidos.
Por que o S&P 500 está subindo enquanto grandes players, atentos aos alertas de recessão do Goldman Sachs e da Apollo Global Management (estimando, respectivamente, 45% e 90% de chance de recessão nos próximos 12 meses), permanecem à margem? E por quanto tempo isso pode continuar?
A resposta é clara: a multidão é o principal motor por trás da alta do mercado de ações dos EUA. Mas tentar ir contra a multidão é como tentar parar um bonde em alta velocidade com as próprias mãos.
Mesmo a menor boa notícia é vista como motivo para comprar. Seja uma manchete indicando que Washington está buscando uma forma de iniciar conversas com Pequim, notícias de que a China suspendeu unilateralmente um quarto de suas tarifas sobre produtos dos EUA, ou Donald Trump sugerindo que as tarifas de 145% podem não ser tão altas no final — qualquer uma dessas provoca sentimento altista.
Adicione surpresas agradáveis do mercado de trabalho dos EUA e lucros das grandes empresas de tecnologia, e o cenário se torna decididamente otimista. É realmente surpreendente, então, que o S&P 500 tenha registrado uma sequência de 9 dias de alta?
Não se deve ter entusiasmo excessivo em relação aos dados de emprego.
As demissões de funcionários públicos pelo Departamento de Eficiência Governamental de Elon Musk só serão plenamente sentidas em setembro, já que muitos dos dispensados ainda são contabilizados como empregados por estarem recebendo benefícios de desemprego. A antecipação das importações dos EUA impulsionou temporariamente as contratações no setor de serviços, enquanto as deportações de imigrantes reduziram artificialmente a taxa de desemprego ao encolher a força de trabalho. O mercado de trabalho dos EUA é um colosso com pés de barro — e o S&P 500 logo perceberá isso.
O mesmo vale para a guerra comercial entre os EUA e a China. Donald Trump busca receitas por meio das tarifas e um aumento nas compras de produtos americanos. Xi Jinping, por sua vez, exige a remoção unilateral das tarifas de importação consideradas draconianas. Como os objetivos são fundamentalmente opostos, as negociações prometem ser difíceis.
A força dos lucros no setor de tecnologia foi interpretada como um sinal da resiliência das empresas norte-americanas diante do ambiente tarifário.
No entanto, o pior ainda pode estar por vir. Leva tempo para compreender plenamente os impactos das interrupções nas cadeias de suprimentos sobre a economia e os lucros corporativos — e os ursos ainda têm esse tempo a seu favor.
Do ponto de vista técnico, no gráfico diário, o padrão 1-2-3 do S&P 500 resultou em um rompimento acima das principais médias móveis.
Isso indica força compradora e aumenta a probabilidade de retomada da tendência de alta. A linha vermelha em 5.695 é um ponto crítico. Caso os compradores não consigam se consolidar nesse nível, poderá haver realização de lucros das posições compradas acumuladas desde a região dos 5.400 pontos, o que pode levar a uma reversão. Por outro lado, um rompimento sustentado acima dessa resistência justificará a continuidade da construção de posições compradas.