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O ouro teve um leve aumento após a reunião do Federal Reserve, na qual as taxas de juros foram mantidas inalteradas e o presidente do Fed, Jerome Powell, declarou que o banco central não tem pressa em baixá-las, apesar das incertezas decorrentes da guerra comercial. Entretanto, os preços logo foram atingidos por uma venda significativa - e aqui está o motivo.
O modesto avanço nos preços do ouro reflete o papel tradicional do metal precioso como "porto seguro" em períodos de instabilidade econômica e geopolítica. Os comentários de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, sobre a manutenção de uma postura cautelosa em relação a possíveis cortes nas taxas de juros — apesar da guerra comercial em curso — reforçaram o compromisso do Fed com o controle da inflação e a preservação da estabilidade macroeconômica. Ao mesmo tempo, suas declarações ampliaram as preocupações quanto às perspectivas de crescimento em um cenário de incerteza prolongada.
A decisão do Fed de manter as taxas de juros estáveis, aliada à sua relutância em antecipar uma flexibilização monetária, pode ser interpretada como um sinal de que o banco central reconhece riscos tanto no avanço da inflação quanto em uma possível desaceleração econômica. Em contextos como esse, investidores tendem a buscar proteção no ouro, visto como um ativo defensivo por excelência.
No entanto, é importante observar que o impacto da guerra comercial sobre a economia global continua sendo um dos principais fatores a influenciar o sentimento do mercado em relação ao ouro. A intensificação das tensões comerciais pode desacelerar o crescimento global, pressionar os preços e elevar a incerteza — fatores que tradicionalmente sustentam a demanda pelo metal.
Como mencionado anteriormente, durante a sessão asiática, os preços do ouro recuaram de uma máxima de US$ 3.420 para cerca de US$ 3.300, após notícias sobre novas rodadas de negociações comerciais entre Estados Unidos e China, programadas para ocorrer na Suíça. Essas conversas são vistas como uma etapa crítica na longa disputa comercial entre as duas potências. A perspectiva de progresso reduziu momentaneamente o sentimento de aversão ao risco e levou investidores a migrar para ativos mais arriscados, reduzindo a exposição ao ouro.
O otimismo em torno dessa reunião decorre do reconhecimento mútuo, por parte de Washington e Pequim, da necessidade de encontrar um compromisso para estabilizar o comércio internacional e mitigar os impactos negativos da disputa.
Ainda assim, os investidores continuarão atentos a qualquer nova sinalização da Casa Branca. Ontem, o presidente Donald Trump afirmou que não pretende reduzir as tarifas aplicadas à China antes do encontro na Suíça. Essa declaração reacendeu dúvidas quanto ao possível desfecho das negociações e reforçou as preocupações sobre uma desaceleração econômica global mais acentuada.
No curto prazo, espera-se uma maior volatilidade no mercado de ouro, à medida que qualquer desenvolvimento nas negociações comerciais poderá reaquecer a demanda pelo ativo ou, ao contrário, desencadear uma onda de realização de lucros.
Quadro Técnico do Ouro
Os compradores precisam romper a resistência imediata em US$ 3.340 para mirar o nível de US$ 3.369, acima do qual um rompimento se tornará significativamente mais desafiador. O alvo final, nesse cenário, seria a região de US$ 3.400.
Em caso de recuo, os vendedores tentarão assumir o controle na zona de suporte em torno de US$ 3.313. Se forem bem-sucedidos, um rompimento dessa faixa representaria um duro golpe para os compradores, podendo empurrar o ouro para a mínima de US$ 3.291, com potencial de extensão até US$ 3.267.