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16.06.2025 08:46 PM
A libra ignora os dados fracos e tenta persistentemente continuar a subir

Os dados macroeconômicos do Reino Unido publicados na semana passada parecem francamente fracos — tudo está na zona vermelha, o que significa pior do que o esperado. No entanto, a libra continua a subir independentemente disso.

O relatório do mercado de trabalho ficou visivelmente pior do que o esperado — o número de pedidos de seguro-desemprego aumentou acentuadamente (+33,1 mil em maio contra -21,2 mil em abril) e a proporção entre vagas e taxa de desemprego está diminuindo rapidamente, agora pior do que os níveis pré-COVID. O crescimento médio dos salários ficou aquém das previsões, o que normalmente leva a uma moeda mais fraca, uma vez que sinaliza indiretamente uma potencial desaceleração da inflação. Mas não desta vez — a libra pareceu ignorar os dados fracos e continuou sua determinada trajetória ascendente.

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Em abril, os dados econômicos do Reino Unido vieram majoritariamente negativos: a balança comercial piorou, o PIB mensal recuou -0,3%, a atividade do setor de serviços desacelerou e a produção industrial também ficou no campo negativo. Ainda assim, o mercado parece não interpretar esses números como sinal de fraqueza estrutural. Talvez os enxergue como efeitos temporários da nova política comercial implementada por Trump.

Nesse contexto, as chances de o Reino Unido conseguir "chegar a um acordo" parecem maiores do que no caso da China, México ou União Europeia. Por isso, há expectativa de que a situação se normalize em breve. Se isso de fato se concretizar, só o tempo dirá. Por enquanto, o foco permanece na inflação elevada. O mercado precisa de sinais claros de desaceleração antes de revisar as projeções para os juros.

O Banco da Inglaterra (BoE) realizará sua próxima reunião de política monetária na quinta-feira, 19 de junho. As expectativas são neutras: o mercado projeta manutenção da taxa em 4,25%. Esta reunião, no entanto, é considerada de menor relevância, já que não haverá publicação de novas previsões nem coletiva de imprensa.

O principal ponto de atenção está na distribuição dos votos. A expectativa atual é de 7 votos pela manutenção e 2 por corte. Contudo, se houver 3 ou 4 membros votando por corte, isso será interpretado como um sinal dovish, e a libra poderá reagir com queda. Caso contrário, a reação tende a ser neutra ou até levemente positiva.

Se houve alguma mudança desde a última reunião, foi para pior: mercado de trabalho mais fraco, crescimento salarial abaixo do esperado e PIB em desaceleração. No momento, o mercado já precifica um corte de 50 pontos-base até o fim do ano, com a taxa projetada em 3,7% para dezembro.

A posição líquida comprada em libra esterlina (GBP) subiu US$ 1,4 bilhão na última semana, totalizando US$ 4,4 bilhões. No entanto, o preço estimado da libra não conseguiu se distanciar da média de longo prazo. Isso se deve, sobretudo, ao desempenho mais fraco da curva de juros britânica em comparação aos Treasuries dos EUA.

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Na semana passada, destacamos que as chances de um movimento de alta haviam aumentado, projetando uma meta em 1,3650. A libra chegou bem perto desse nível no período recente. Nossa expectativa é que haja uma tentativa de romper essa resistência, porém, por enquanto, as chances de uma alta sustentada parecem limitadas, e uma correção se mostra mais provável.

Identificamos um suporte em 1,3443, e há uma boa probabilidade de que a libra se mantenha acima desse patamar. No entanto, no momento, não há fundamentos sólidos que sustentem um movimento de alta mais robusto — a menos, claro, que o Banco da Inglaterra ofereça algum catalisador na reunião de quinta-feira.

Kuvat Raharjo,
Analytical expert of InstaTrade
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