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25.06.2025 08:30 PM
EUR/USD. Ultrapassando os limites: compradores visam o nível de resistência de 1,1630

Pelo segundo dia consecutivo, o par EUR/USD testa a região de 1,16, pressionando a resistência em 1,1630 — correspondente à linha superior das Bandas de Bollinger no gráfico diário. Os desdobramentos geopolíticos e os comentários de Jerome Powell, que falou ontem perante a Câmara dos Representantes dos EUA, favoreceram os compradores do euro. Além disso, os índices PMI e IFO deram suporte adicional à moeda única, ao reforçarem as expectativas de que o Banco Central Europeu adotará uma postura de cautela a partir da reunião de julho.

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Comecemos pela geopolítica. Ao que tudo indica, a guerra de 12 dias entre Israel e Irã chegou ao fim. Embora ambos os lados tenham continuado, ontem, a trocar acusações de violações do cessar-fogo, a situação acabou se estabilizando logo depois. A mídia e as redes sociais seguem divididas sobre a utilidade da operação e se os objetivos declarados foram realmente alcançados. No entanto, esse debate já não preocupa os traders do par EUR/USD — no mercado cambial, o que importa é que o cessar-fogo está, por ora, sendo mantido.

Ontem, o presidente dos Estados Unidos demonstrou forte frustração — chegando inclusive a usar palavrões ao vivo — diante da continuidade dos ataques após o anúncio do cessar-fogo. Ainda assim, na segunda metade do dia, tanto o Irã quanto Israel declararam estar dispostos a respeitar o acordo, e o silêncio se instaurou de fato. Se essa paz será duradoura é, como se costuma dizer, uma pergunta retórica. Mas, no momento, o desfecho favorece os compradores do EUR/USD, diante do aumento da demanda por ativos de risco.

Enquanto isso, o dólar sofreu pressão após o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na Câmara dos Representantes (sua segunda aparição está marcada para hoje, no Senado). Em essência, Powell reiterou os pontos principais já apresentados após a reunião de junho do FOMC. A mensagem central foi a de que o Fed não pretende se apressar para cortar os juros, pois a autoridade monetária precisa de tempo para avaliar os impactos inflacionários das novas tarifas comerciais. Segundo ele, esse efeito pode ser duradouro ou apenas temporário.

Ao mesmo tempo, Powell evitou endossar a projeção mediana do Fed (o chamado dot plot), que aponta para dois cortes de juros até o fim do ano. Ele destacou que "tudo dependerá do estado da economia", observando que leituras mais fracas de inflação e sinais de arrefecimento do mercado de trabalho poderiam justificar "um corte antecipado".

Na teoria, o discurso deveria ter sustentado o dólar, já que reforça uma abordagem cautelosa, possivelmente até o fim do ano — o que contraria as projeções do dot plot. No entanto, a moeda americana reagiu de forma negativa, pois Powell também reconheceu o risco de estagflação, ao afirmar que o aumento das tarifas "levará à alta dos preços e afetará negativamente a atividade econômica".

Essas observações foram feitas em paralelo à divulgação dos dados fracos de confiança do consumidor do Conference Board, que ficaram em território negativo. Após uma alta surpreendente em maio (para 98,4), os analistas previam um crescimento adicional em junho — até 99,4. No entanto, o índice recuou de forma acentuada para 93,0.

Após essa divulgação, o dólar sofreu pressão adicional.

Enquanto isso, o euro foi apoiado pelos indicadores PMI e IFO, o que ajudou os compradores do EUR/USD a manter o impulso de alta. Especificamente, o PMI de manufatura da Alemanha superou as expectativas, subindo para 49,0. Já o PMI de serviços alemão se aproximou da marca de 50,0, alcançando 49,4. O PMI de serviços da zona do euro voltou ao território de expansão, atingindo 50,0.

O Índice IFO de Clima Empresarial da Alemanha avançou pelo sexto mês consecutivo, subindo em junho para 88,4 — o maior nível desde junho do ano passado. O Índice de Expectativas IFO também registrou alta pelo segundo mês seguido, saltando para 90,7 — patamar não visto desde abril de 2023.

Esse conjunto de fundamentos permite que os compradores do EUR/USD desafiem o nível de 1,16 e testem a resistência em 1,1630. No entanto, para que o preço avance de forma sustentada, será necessário um catalisador relevante — como uma desaceleração acentuada do índice PCE Core (previsto para sexta-feira, 27 de junho) ou uma revisão significativa para baixo dos dados do PIB dos EUA do primeiro trimestre (estimativa final prevista para amanhã, 26 de junho). Sem um gatilho forte, é improvável que o nível de 1,1630 seja rompido.

Perspectiva técnica: No gráfico diário, o EUR/USD segue posicionado entre as linhas média e superior do indicador Bollinger Bands, e acima de todas as linhas do Ichimoku, que formou um sinal de alta do tipo Line Parade. Uma configuração semelhante é observada também no gráfico semanal, o que reforça a preferência por posições compradas. Retrações corretivas devem ser vistas como oportunidades para novas entradas, com a primeira — e até o momento única — meta situada em 1,1630 (linha superior das Bandas de Bollinger no gráfico diário). A próxima resistência relevante está em 1,1700 (linha superior das Bandas de Bollinger no semanal). No entanto, para que esse nível seja rompido, os compradores precisarão de um catalisador de peso que permita consolidar acima de 1,1630 e abrir caminho rumo a 1,17.

Irina Manzenko,
Analytical expert of InstaTrade
© 2007-2025

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