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O S&P 500 atingiu mais um recorde histórico, com a rotação sendo a marca registrada do mercado acionário dos EUA. Os investidores estão comprando agressivamente ações que tiveram desempenho inferior na primeira metade do ano. Por outro lado, os líderes de crescimento anteriores agora estão ficando para trás. Por exemplo, as empresas de energia — um setor notavelmente fraco de janeiro a junho — dispararam em julho. Por outro lado, os serviços de comunicação, que anteriormente eram os segundos melhores em desempenho, se tornaram os piores.
Líderes e retardatários do setor S&P 500
A questão central está na sobrevalorização dos "vencedores" do primeiro semestre. O índice preço/lucro (P/L) dos setores industriais — que lideraram os ganhos nos primeiros seis meses do ano — já se aproxima do topo da sua faixa histórica de 20 anos. Em julho, esses setores perderam o protagonismo para energia e materiais.
Em termos simples, os investidores não estão apenas comprando as quedas do S&P 500. Estão apostando em tudo aquilo que ainda não teve uma valorização expressiva. Combinado ao sucesso recente nos leilões de títulos do Tesouro de 10 e 30 anos, esse movimento reacende as expectativas de um possível retorno do "excepcionalismo americano". Como resultado, o dólar tem mostrado desempenho mais resiliente do que no início do ano.
Os investidores entram na temporada de resultados do segundo trimestre com otimismo. Segundo a FactSet, os lucros do S&P 500 devem crescer 4,8% — o ritmo mais lento desde o fim de 2023. No entanto, projeções mais modestas abrem espaço para surpresas positivas. Quando os resultados superam as expectativas, os ativos costumam reagir com alta — e o índice acionário não é exceção.
Previsões de lucros e vendas do S&P 500
Apesar da força do mercado, os pessimistas continuam presentes. O JP Morgan alerta que os investidores estão excessivamente confiantes em relação às tarifas. Já o Sevens Report destaca que o adiamento do aumento das tarifas para 1º de agosto praticamente elimina as chances de um corte nas taxas do Fed em julho. À medida que o impacto das tarifas começa a se refletir na economia, as chances de uma flexibilização monetária em setembro também diminuem — o que pode pesar sobre o S&P 500.
Além da rotação, outra característica marcante do mercado de ações dos EUA no meio do ano é a aparente ausência de medo. A imposição de tarifas de 50% sobre o cobre e o Brasil, o aumento das tarifas sobre produtos canadenses de 25% para 35% — nada disso abala o S&P 500. Os investidores acreditam firmemente que esses cenários extremos não vão se concretizar. Acreditam que Donald Trump fará concessões, pois "ladra mais do que morde". Por isso, as quedas do S&P 500 são vistas como oportunidades de compra.
Tecnicamente, o gráfico diário do S&P 500 indica uma tendência de alta contínua. O índice já se aproximou da primeira das duas metas previamente definidas, em 6.325 e 6.450. Enquanto o índice se mantiver acima do seu valor justo, em 6.225, os otimistas não têm motivos para preocupação. Recomendamos seguir com as posições de compra já abertas.