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O relatório de inflação publicado na terça-feira reforçou as expectativas do mercado de que o banco central dos Estados Unidos cortará as taxas de juros na reunião de setembro, abrindo espaço para a continuidade da alta nos mercados acionários.
Comecemos pelos dados. O relatório de inflação ao consumidor dos EUA mostrou que, apesar da turbulência ligada às guerras tarifárias de Donald Trump, a inflação anual estabilizou em 2,7%, enquanto o resultado mensal veio em linha com as previsões. A inflação subjacente apresentou aumento, mas o mercado a ignorou — por um lado, devido à forte expectativa por cortes nas taxas e, por outro, pela crença de que o presidente, ao substituir a liderança do banco central por uma equipe mais alinhada, garantirá custos de financiamento mais baixos, considerados essenciais para impulsionar o crescimento econômico do país.
Dois fatores principais — a estabilização da inflação abaixo do patamar psicológico de 3% e a postura de Trump em relação às taxas de juros — devem estimular a demanda por ações corporativas. Como resultado, na terça-feira, o amplo índice S&P 500 e o tecnológico NASDAQ 100 renovaram máximas históricas, enquanto o Dow Jones Industrial Average reverteu a trajetória e se aproximou do seu recente pico.
É importante destacar também outros dois motivos cruciais para manter o otimismo: a prorrogação da moratória sobre as cotas tarifárias em relação à China — após Pequim ignorar o blefe de Trump sobre aumentos de tarifas e sanções secundárias — e uma situação semelhante com a Índia, além do início das negociações entre os EUA e a Rússia, que parecem ter potencial para gerar impacto global, não apenas sobre a crise na Ucrânia, mas também sobre o equilíbrio mundial de poder de forma mais ampla.
Todas essas notícias positivas sustentam a demanda por ativos de risco, especialmente ações corporativas dos EUA, que se apresentam como os principais beneficiários, tanto nas guerras tarifárias contra países parceiros da China quanto nas perspectivas de encerrar o conflito entre o Ocidente e a Rússia. Nesse contexto, a Federação Russa também pode se beneficiar, pois, ao manter o conflito com o Ocidente de forma controlada, fortalecerá sua posição política e econômica, garantindo seu lugar entre as potências mundiais.
O que esperar dos mercados hoje
Acredito que os cortes de juros nos EUA e as perspectivas de encerramento da fase aguda do conflito na Europa continuarão a sustentar a demanda por ações. Os contratos futuros de Fed Funds indicam uma probabilidade de 94,2% de um corte em setembro, contra 85,2% registrados ontem.
Quanto ao dólar, não espero uma queda significativa em relação à cesta das principais moedas no mercado Forex. Isso se deve principalmente à fraqueza das moedas que compõem essa cesta, pertencentes a países satélites dos EUA que, como mencionado anteriormente, serão "saqueados" por Washington, pagando tarifas alfandegárias ao vender produtos para os EUA e se comprometendo a investir na economia americana por muitos anos. Essa dinâmica tende a enfraquecer essas economias, tornando-as dependentes do país soberano.
O mercado de criptomoedas deve reagir de forma nervosa aos eventos globais e à situação da economia mundial, mas é improvável que ocorra um aumento expressivo na demanda por tokens. Os preços do ouro e do petróleo continuarão estreitamente correlacionados com os acontecimentos globais, as taxas de juros dos EUA e a crise na Ucrânia, permanecendo provavelmente dentro de amplas faixas laterais.
Após atingir uma máxima local, o Bitcoin pode corrigir para baixo se cair abaixo de 118.467,00, em meio à demanda por ativos mais rentáveis, como ações corporativas. Nesse cenário, é esperado um recuo em direção a 116.061,00. O nível de 118.065,93 pode servir como ponto de venda.
O índice do dólar pode recuar para 97,40 diante da crescente expectativa de um corte na taxa de juros pelo Fed na reunião de setembro. Nesse cenário, uma queda para 97,40 pontos se torna possível caso ocorra consolidação abaixo do nível de 98,00. O patamar de 97,92 pode servir como ponto de venda.