Será que a prata vai superar o ouro?
Ouro e prata continuam sendo referências fundamentais no sistema financeiro global, com investidores e analistas atentos a ambos os metais. A recente valorização do ouro reforçou seu papel clássico como um ativo seguro em tempos de incerteza. No entanto, há um detalhe que muitos esquecem: a prata, apesar de menos falada, tem um histórico de não apenas acompanhar o ouro, mas até superá-lo em certos períodos.
Tradicionalmente ofuscada pelo "brilho dourado", a prata tende a reagir com certo atraso, ganhando força especialmente quando o mercado começa a se recuperar. Dados recentes mostram que, no último ano, o ouro valorizou cerca de 41%, acumulando um retorno de 113% na última década — superior ao desempenho do índice S&P 500, que subiu 78%.
Na semana passada, o ouro atingiu um recorde histórico antes de recuar levemente, influenciado por declarações mais moderadas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre tarifas e por uma mudança de postura do Federal Reserve (o banco central dos EUA). Mesmo assim, em meio às incertezas geopolíticas e econômicas, o ouro segue sendo o queridinho dos investidores.
No entanto, muitos especialistas acreditam que a prata pode ter sua vez em breve. Isso porque, ao contrário do ouro, que é visto quase exclusivamente como proteção contra crises e inflação, a prata também desempenha um papel importante na indústria — sendo amplamente usada em eletrônicos e energia solar. Por isso, ela tende a ser mais sensível ao ciclo econômico: demora mais para reagir em períodos de crise, mas costuma se destacar quando a recuperação começa.
Um dado importante que reforça essa tese é a razão ouro/prata — um indicador que mede quantas onças de prata são necessárias para comprar uma onça de ouro. Na semana passada, esse número estava em 98, bem acima da média histórica de 68, o que sugere que a prata ainda está subvalorizada.
Esse padrão já foi observado no passado. Após a crise financeira de 2008, por exemplo, a razão ouro/prata saltou de 53 para 80 em apenas cinco meses. Em 2009, a prata disparou 81%, enquanto o ouro subiu 44%. Ou seja, quem apostou na prata naquela época teve ganhos ainda maiores.
É claro que, em caso de um colapso econômico global profundo, esse comportamento pode mudar. No entanto, especialistas destacam que a prata já demonstrou resiliência em recessões passadas — e agora, com a perspectiva de novos estímulos fiscais e uma recuperação da demanda industrial, pode estar pronta para se destacar novamente.