Desaparecem as esperanças de um acordo comercial entre EUA e China
O sentimento dos mercados globais está piorando — e o principal motivo é a perda de esperança em um acordo comercial sólido com a China. A cada novo dado, aumenta a percepção de que a tão aguardada recuperação econômica chinesa pode não se concretizar.
Segundo a BCA Research, mesmo com uma trégua parcial nas tarifas entre Estados Unidos e China, o cenário continua incerto. A combinação entre uma possível queda nas exportações chinesas e a baixa eficácia das medidas de estímulo adotadas por Pequim está corroendo a confiança dos investidores.
“Apesar de uma leve trégua na guerra tarifária, um acordo comercial duradouro ainda parece distante. Enquanto isso, os danos econômicos continuam a se acumular”, afirma a consultoria, que estima em apenas 50% as chances de um pacto formal ser firmado.
O enfraquecimento do comércio global só agrava o quadro. Volumes de exportações decepcionantes e dados econômicos frágeis contribuem para um panorama ainda mais preocupante. A BCA alerta que as exportações da China podem recuar ainda mais.
Os analistas também observam que o mercado de ações chinês ainda não precificou completamente essa deterioração. Se o cenário se agravar, as estimativas de lucro podem ser revistas para baixo, abrindo espaço para uma correção mais severa do que a registrada durante a guerra comercial de 2018–2019.
Diante desse ambiente, a recomendação da BCA Research é clara: adotar uma postura defensiva. Segundo os especialistas, essa estratégia oferece maior resiliência em meio à incerteza. Entre os ativos preferidos estão os títulos do governo chinês e as ações do tipo A-shares, voltadas ao mercado doméstico.
As projeções apontam para uma desaceleração mais acentuada da economia chinesa nos próximos dois trimestres — justamente quando Pequim parece atrasada em sua resposta com estímulos.
Entre os fatores de pressão, a BCA destaca a possível valorização do dólar e o aumento da aversão ao risco nos mercados globais — dois elementos que podem dificultar ainda mais a recuperação da segunda maior economia do mundo.