Citi estima que a redução do apetite por risco nos EUA pode impulsionar os mercados emergentes
Muitos especialistas agora se perguntam se a redução do apetite pelo risco nos Estados Unidos pode abrir espaço para a valorização dos mercados emergentes. A resposta não é simples, mas analistas do Citi oferecem algumas pistas. Apesar dos desafios persistentes — como a incerteza em torno do comércio global e a fraqueza nas exportações —, eles acreditam que o movimento de redução de riscos (de-risking) nos EUA pode gerar novas oportunidades para economias emergentes.
Em sua mais recente perspectiva sobre mercados emergentes, o Citi observou que, embora a “transição do ‘Dia da Libertação Tarifária’ para a ‘Desescalada Tarifária’ tenha alimentado uma onda de apetite por risco”, os desafios estruturais permanecem sem solução.
O banco alerta que a incerteza prolongada continuará pressionando os investimentos de capital relacionados ao comércio, além de destacar ameaças não resolvidas ligadas às tarifas impostas pelos EUA.
Os analistas também chamam atenção para a crescente volatilidade da política econômica americana e o desejo cada vez mais evidente dos investidores de reduzir a exposição à chamada “coerção econômica” por parte dos EUA. Nesse cenário, o tradicional apelo de segurança dos títulos do Tesouro americano começa a perder força. O Citi também aponta para uma “erosão gradual da dominância do dólar”, atribuída à estratégia tarifária do ex-presidente Donald Trump e a tensões geopolíticas mais amplas.
Por outro lado, um dólar mais fraco tende a beneficiar os ativos dos mercados emergentes. Ainda assim, o banco alerta que “pressões excessivas de valorização cambial, impulsionadas por fluxos de repatriação e pela redução da exposição ao risco em dólar, podem ser prejudiciais a essas economias”.
O Citi acrescenta que o desempenho superior dos títulos de mercados emergentes em relação aos Treasuries americanos — especialmente os de Brasil, África do Sul e Peru — com base no índice de Sharpe, sugere que esses mercados podem ser “bons candidatos para fluxos de diversificação frente ao dólar e aos títulos do Tesouro dos EUA”.