Preocupações fiscais aumentam à medida que a dívida dos EUA se aproxima de 100% do PIB
Segundo alerta da consultoria britânica Capital Economics, a dívida federal dos Estados Unidos permanece em um equilíbrio instável e pode rapidamente evoluir para uma crise fiscal em plena escala. Para os analistas, a crescente carga de compromissos do governo tem potencial para reacender pressões inflacionárias e minar a saúde da economia americana.
Dados recentes do Tesouro dos EUA indicam que a dívida nacional já ultrapassa os US$ 36,22 trilhões — um valor que, segundo estimativas da Capital Economics, se aproxima de 100% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Se o déficit orçamentário permanecer próximo a 6% do PIB nos próximos anos, a projeção é que o índice dívida/PIB alcance alarmantes 120% dentro de uma década. “As preocupações com o aumento desenfreado da oferta de títulos já ampliaram o prêmio de risco embutido nos rendimentos dos títulos de dívidas emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos neste ano. O relatório da consultoria adverte que há o risco de que a economia entre em um ciclo vicioso, no qual o receio sobre a sustentabilidade da dívida pressione os custos de financiamento, elevando o déficit e tornando a trajetória da dívida ainda mais insustentável.
Embora os EUA tenham o poder de emitir sua própria moeda para evitar uma insolvência formal, especialistas destacam que essa alternativa pode acender a inflação e inibir investimentos privados, e os efeitos sobre o desempenho econômico podem ser duradouros.
O alerta da Capital Economics ganha força num momento em que o presidente Donald Trump e seus aliados republicanos no Congresso avançam com um ambicioso pacote fiscal, que combina cortes expressivos de impostos com elevação dos gastos em defesa e segurança de fronteiras.
Enquanto isso, legisladores seguem divididos entre cortar despesas e ampliar o endividamento para financiar os novos estímulos. Os embates mais acirrados giram em torno de propostas que reduzem recursos federais para o Medicaid — programa de saúde voltado à população de baixa renda — e para subsídios ao setor energético.
A Câmara dos Representantes já aprovou sua versão da legislação, avaliada em trilhões de dólares, com os republicanos superando por pouco a resistência interna e a oposição democrata. Caso o Senado também aprove seu texto, será necessário um processo de conciliação entre as duas casas antes que o projeto siga para sanção presidencial.
Tanto o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) quanto diversos economistas já advertiram que o plano de Trump agravaria significativamente a dívida pública. Ainda assim, o presidente e alguns aliados republicanos seguem minimizando os riscos.