Apesar da tensão com Trump, substituição de Powell no Fed não será imediata
Pobre Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. Ele não apenas precisa administrar uma economia complexa, como também enfrenta uma rivalidade prolongada com o presidente dos Estados Unidos, aguenta críticas públicas da administração Trump e ainda conduz a política monetária em meio ao protecionismo crescente do governo. Apesar de tudo, Powell segue firme, mantendo os juros elevados. Mas a grande questão é: até quando ele vai resistir?
A cada dia, parece menos provável que Powell permaneça no cargo após o término de seu mandato, previsto para maio de 2026. Declarações recentes do presidente Trump e do secretário do Tesouro, Scott Bessent, indicam que o governo pode anunciar seu substituto antes mesmo de o mandato terminar oficialmente.
Especialistas alertam que essa movimentação pode ser arriscada. Ela cria o cenário perfeito para o surgimento de um “presidente sombra” no Fed — alguém que, na prática, comece a exercer influência enquanto Powell ainda está no comando.
Segundo informações da Bloomberg, Scott Bessent afirmou que a Casa Branca avalia nomear o próximo presidente do Federal Reserve já em janeiro de 2026.
Bessent destacou que há um assento de 14 anos que ficará vago em janeiro e afirmou que o governo está considerando a possibilidade de que a pessoa escolhida para essa vaga se torne presidente do Fed quando Jay Powell deixar o cargo em maio.
Outra alternativa seria aguardar até maio para fazer a nomeação, sem interferir diretamente nas atribuições de Powell. Nesse caso, porém, o novo presidente teria apenas dois anos de experiência como vice antes de assumir plenamente o comando do Fed.
O secretário do Tesouro também revelou que há nomes cotados dentro do próprio Federal Reserve. Ele comentou que, obviamente, há candidatos que já integram o Fed e acrescentou que, caso outro nome seja incluído em janeiro, o trabalho da instituição poderá prosseguir normalmente, sem provocar ruídos nos mercados.
Para alguns analistas e investidores, o poder de Powell já começa a se enfraquecer. Antes praticamente incontestável, sua autoridade vem sofrendo desgaste com as pressões vindas da Casa Branca.
Louis Navellier, da Navellier & Associates, avaliou que o presidente Trump conseguiu transformar Jerome Powell em um “pato manco” e acrescentou que há um número crescente de integrantes do FOMC sinalizando a possibilidade de um corte de juros até o fim de julho.