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As tarifas de Trump contra os BRICS podem ter efeito contrário

As tarifas de Trump contra os BRICS podem ter efeito contrário

Donald Trump voltou a abalar o comércio global ao propor tarifas de 10% sobre produtos provenientes dos países do grupo BRICS. A intenção, ao menos na teoria, seria pressionar potências como a Rússia e o Irã — e, de forma indireta, afetar metade das economias emergentes do planeta. No entanto, analistas britânicos alertam para um possível efeito colateral: Moscou pode, na verdade, acabar beneficiada.

A lógica é simples. O agravamento das tensões entre os Estados Unidos e a China abre espaço para que a Rússia ocupe nichos deixados pelos norte-americanos, sobretudo no mercado global de energia — setor em que Pequim nunca demonstrou grande interesse em importar petróleo dos EUA.

Além disso, se as tarifas elevarem os preços das exportações dos países do BRICS — abrangendo desde matérias-primas até produtos semiacabados — isso pode favorecer os produtores russos. Importações mais caras tendem a estimular a produção interna, transformando o que seria uma medida punitiva numa oportunidade inesperada.

Caso Trump decida avançar ainda mais, interferindo no sistema financeiro internacional ou na hegemonia do dólar, os países do BRICS já dispõem de alternativas. O CIPS e o SPFS, sistemas de pagamentos da China e da Rússia, respetivamente, ainda possuem limitações, mas funcionam — e vêm ganhando importância.

No campo geopolítico, o impacto pode ser ainda mais profundo. Diante da pressão de um adversário comum, os países visados podem unir forças. Uma “aliança anti-tarifas”, liderada pela China, não está fora de questão — e poderia até atrair países europeus insatisfeitos com a retórica agressiva de Trump. O que começou como uma ameaça pode, assim, culminar numa coalizão internacional.

Se este cenário se concretizar, a estratégia de Trump poderá entrar para a história como um tiro pela culatra — voltada contra o BRICS, mas acabando por fortalecer, sobretudo, a Rússia.

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