Táticas comerciais da China são alvo de críticas, e Bruxelas soa o alarme
A apenas dois dias de uma cúpula decisiva entre a União Europeia e a China, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, abandonou a habitual contenção diplomática e expôs claramente suas preocupações. Em uma declaração surpreendentemente direta, criticou o modelo econômico de Pequim e deixou claro que a Europa não pretende mais adotar uma postura branda.
Von der Leyen acusou a China de investir pesadamente em tecnologias estratégicas para o futuro e, em seguida, inundar os mercados globais com produtos subsidiados para sufocar a concorrência. A fórmula, segundo ela, é simples: preços baixos, volumes altos e uma pressão implacável. Enquanto o Ocidente estava voltado para outras questões, a China construiu seu domínio, deixando um rastro de fábricas fechadas e setores industriais em crise por toda a Europa.
Ela deu atenção especial aos painéis solares chineses e ao mercado de terras raras. Von der Leyen destacou que os produtos “Made in China” desfrutam de uma vantagem automática de 20% nos preços em processos de licitação — algo que, segundo ela, não resulta de uma dinâmica de mercado justa, mas de um sistema profundamente desequilibrado. Nas palavras da presidente, isso não é apenas anticompetitivo, mas fundamentalmente injusto.
Seu tom lembrou a retórica antes associada às duras críticas comerciais de Donald Trump, embora, desta vez, tenha partido de Bruxelas, numa figura vestindo um tailleur elegante e armada com o discurso da reforma institucional.
Von der Leyen enfatizou que a UE permanece aberta à cooperação, mas quer restaurar o equilíbrio. Em outras palavras, isso poderia significar menos importações chinesas baratas e mais acesso das empresas europeias ao mercado interno chinês — e, idealmente, menos monopólios sustentados pelo Estado.
Em abril, a presidente já havia lembrado que a UE e a China são dois dos maiores atores da economia global e que, com esse peso, vem também uma responsabilidade compartilhada. O comércio mundial, afirmou, não pode se tornar um jogo unilateral ditado por apenas um conjunto de regras.