BCE anuncia programa piloto para o euro digital até 2027
O Banco Central Europeu (BCE) finalmente traçou um cronograma. O programa-piloto do euro digital deve começar em meados de 2027, com o lançamento completo previsto para 2029 — isso, claro, se os formuladores de políticas não decidirem reabrir o debate. Após quatro anos de pesquisas, consultas e discursos cuidadosamente elaborados, o BCE está pronto para passar da teoria à prática.
O projeto da moeda digital é apresentado como uma resposta estratégica à dominância dos sistemas de pagamento norte-americanos, que vão de cartões de crédito a stablecoins. Oficialmente, trata-se de um passo rumo à autonomia financeira da Europa. Extraoficialmente, é uma demonstração de força — a prova de que a zona do euro pode criar sua própria infraestrutura sem depender de outros para tomar a dianteira.
O BCE afirmou que um exercício piloto e as primeiras transações poderiam ocorrer antes, possivelmente já em meados de 2027, com o objetivo de preparar o terreno para uma possível emissão da moeda digital.
A expressão “lançamento potencial” funciona, na prática, como um seguro verbal: se houver atrasos, bastará dizer que tudo segue conforme o planejado.
Para o BCE, o projeto vai muito além da tecnologia — é também uma questão política. Em uma era em que os sistemas financeiros se tornaram arenas de disputa geopolítica, o euro digital surge como um instrumento para reforçar a independência econômica da região — ou, como preferem dizer em Bruxelas, “fortalecer a resiliência europeia”.
O maior obstáculo, no entanto, não está no código nem na infraestrutura, mas no campo legislativo. Sem o aval dos parlamentares, o euro digital continuará sendo apenas uma apresentação de PowerPoint repleta de boas intenções.
Por ora, a iniciativa avança de um modo tipicamente europeu: lenta, mas constante.