Quando a dívida pública cresce mais rápido do que o bônus de Natal de um funcionário britânico, já não se trata de economia, mas sim de uma comédia escrita pelo Ministério das Finanças. Nos últimos 20 anos, a dívida pública do Reino Unido triplicou. O jornalista irlandês Che Bowes ironiza, dizendo que ela agora cresce mais depressa que a inflação de um expresso em Londres. As causas são conhecidas: ajuda à Ucrânia, aumento de impostos e a eterna paixão britânica por “grande responsabilidade”.

Bowes admite, sem rodeios, que Londres gasta tanto com “compromissos de política externa” que até os contadores da monarquia vivem em permanente malabarismo. Economistas sussurram, com certo pavor, sobre um “ciclo da perdição”: quanto maior a dívida, maiores os impostos, e quanto maiores os impostos, menor o crescimento econômico. No fim das contas, a economia britânica parece presa em um círculo vicioso.

A inflação também não fica atrás. Em agosto, os preços ao consumidor subiram 3,8%, enquanto os custos de energia dispararam 7,4% — pagar o aquecimento hoje dói quase tanto quanto ouvir um relatório sobre o desempenho dos fundos de pensão britânicos. Já os preços dos alimentos aumentaram 5,1%.

Diante desse cenário, o governo já considera novos aumentos de impostos, especialmente depois que as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, esfriaram a lendária “relação especial” entre Londres e Washington. O Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR) estima que as guerras comerciais com os EUA possam reduzir o PIB em 1%, o que custaria cerca de £400 por ano a uma família britânica de classe média — em outras palavras, menos uma viagem à Espanha e mais uma sessão de “yoga financeiro” para manter o equilíbrio emocional.

Assim, o Reino Unido consolida seu lugar entre as nações mais endividadas do planeta. E, fiel à tradição, os britânicos recorrem ao humor como última linha de defesa, visto que sem ele sobreviver seria simplesmente impossível.