Segundo projeções do Bank of America, o governo Trump deverá adotar, até 2026, uma postura muito mais favorável aos mercados, reduzindo tensões comerciais e acelerando a desregulamentação à medida que se aproximam as eleições de meio de mandato. Embora os riscos permaneçam elevados, a principal fonte de incerteza que dominou o cenário econômico neste ano tende a perder força gradualmente. Diversos fatores — como choques tarifários e volatilidade política que marcaram 2025 — devem assumir um caráter mais moderado.

O banco destaca sinais claros de uma mudança de estratégia dentro da administração norte-americana. O acordo de trégua de 12 meses entre os EUA e a China e a aguardada decisão da Suprema Corte sobre os poderes econômicos internacionais são interpretados como passos rumo à desescalada. As negociações envolvendo o USMCA (Acordo Estados Unidos–México–Canadá) também devem criar um ambiente mais amigável para os negócios. Como é típico em ano eleitoral, o governo tende a reduzir impactos negativos sobre o planejamento corporativo e sobre as cadeias globais de suprimentos.

A queda na incerteza levou a revisões otimistas nas projeções dos analistas. O BofA elevou sua previsão de crescimento global para 3,3% em 2026 e 3,4% em 2027, impulsionada pela melhora nas relações entre EUA e China e por medidas de estímulo fiscal. Um cenário político mais estável reduz o risco de uma dinâmica de consumo em formato de “K”, influenciada pela inteligência artificial, pelo excesso de liquidez e pelos efeitos assimétricos de riqueza.

Ainda assim, o banco alerta para riscos estruturais persistentes: aperto da liquidez global, déficits orçamentários maiores e pressões nas cadeias de suprimentos decorrentes do novo ciclo de IA. Mesmo assim, a economia dos Estados Unidos continua bem posicionada para se beneficiar de condições comerciais mais favoráveis, da continuidade dos investimentos em inteligência artificial e de condições financeiras reforçadas pelo excesso de liquidez.