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15.07.2025 03:07 PM
O mercado vai romper seus limites

No fundo, os mercados ainda acreditam que as tarifas podem exercer uma pressão inflacionária. No entanto, sem a confirmação por meio de dados concretos, os investidores ainda não estão prontos para vender o índice S&P 500. Eles se acostumaram ao vai-e-vem das ameaças tarifárias e parecem ter entrado em um estado de complacência. Ainda assim, a combinação de tarifas de importação elevadas com um dólar enfraquecido forma um coquetel perigoso: isso poderia acelerar o Índice de Preços ao Consumidor (CPI), obrigar o Federal Reserve a manter os juros em níveis elevados, afetar o consumo e comprimir as margens de lucro das empresas. Por ora, ninguém parece estar levando esse cenário mais negativo em conta.

No momento, as atenções do mercado estão voltadas para as ameaças tarifárias de Donald Trump, o início da temporada de balanços do segundo trimestre e a divulgação dos dados de inflação dos EUA. Segundo o presidente, não há planos para novos acordos — para ele, o envio de cartas já representa uma forma de compromisso. Ainda assim, Trump sinalizou que, se alguém quiser propor um novo pacto, os Estados Unidos estão dispostos a ouvir. Ele também ameaçou impor tarifas secundárias de 100% contra a Rússia, caso o conflito na Ucrânia não seja encerrado em até 50 dias.

Lucros corporativos do S&P 500: tendências e previsões

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Analistas de Wall Street projetam que o crescimento dos lucros das empresas do S&P 500 desacelere para 2,5%, o que representaria o ritmo mais lento desde meados de 2023. A temporada de balanços começa com os bancos dos Estados Unidos. Desde a mínima registrada em abril, o índice KBW Bank acumulou alta de 37% e se aproxima de máximas históricas, superando o desempenho do mercado acionário mais amplo. Ainda assim, o potencial para que essa alta continue, impulsionada pela impressionante resiliência da economia americana, parece ainda não estar totalmente precificado.

Essa resiliência, porém, corre o risco de ser abalada pelas tarifas? Segundo uma pesquisa da 22V Research, os investidores esperam que a tarifa média de importação dos EUA chegue a 17%. A estimativa é que esse nível de imposto possa acrescentar 28 pontos-base ao crescimento da inflação subjacente em 2025 — quase metade do nível projetado em maio.

Taxa média projetada para as tarifas dos EUA: Visão do mercado

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De acordo com o Citigroup, o mercado de derivativos está precificando uma variação de ±0,6% no S&P 500 em resposta à divulgação dos dados de inflação dos EUA para junho. Isso está abaixo da variação média realizada de 0,9% no último ano. Mas a reação real do mercado pode ser bem diferente — os dados sobre os preços ao consumidor podem oferecer os primeiros sinais concretos dos impactos das tarifas sobre a economia dos EUA.

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De fato, se o IPC e a inflação subjacente acelerarem além das expectativas — superando as projeções consensuais de 2,7% e 3,0%, respectivamente —, o Fed terá razão em manter cautela. O banco central não tem pressa em retomar os cortes nas taxas diante da incerteza gerada pelas tarifas. Por outro lado, uma desaceleração nos dados de inflação reforçaria as críticas de Trump ao Fed, enfraqueceria o dólar e daria suporte ao mercado acionário.

No gráfico diário, o S&P 500 parece pronto para romper sua faixa de consolidação de curto prazo. Uma queda abaixo do valor justo de 6.225 aumentaria o risco de movimento de baixa e seria interpretada como sinal de venda. Por outro lado, um rompimento acima do nível de resistência de 6.285 abriria espaço para a construção de posições compradas.


Marek Petkovich,
Analytical expert of InstaTrade
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